Ela já disputou o CrossFit Games 3 anos seguidos: conheça Emily Abbott

Emily Abbott é atleta. E uma excelente atleta de CrossFit. Ela inclusive já participou 3 vezes do Crossfit Games, com sua melhor marca sendo um 8o lugar em 2015. Como toda atleta, seu corpo é esculpido para dar o melhor resultado possível no esporte que pratica. Infelizmente, algumas pessoas ainda insistem em criticar as escolhas e corpos alheios como se a visão delas fosse a correta. E isso aconteceu com Emily Abbott num aplicativo de relacionamentos no início desse ano! Mas ela não se abalou e deu uma resposta à altura em seu Instagram! Ela e a comunidade do CrossFit, que se uniu a ela com vigor…afinal sabemos que isso tudo não passa de um preconceito idiota! Numa entrevista extremamente sincera e divertida, Emily Abbott conta desse caso para HugoCross, como se prepara na temporada de CrossFit, como lida com as provas e o que espera do futuro! E fica aqui a frase que a nossa musa @carohobo disse para a gente na entrevista que nos deu, para quem ainda insiste no preconceito: “Desculpe informar, mas sou atleta, não modelo.”

 

Ficha Técnica:

 

Nome: Emily Abbott

Em que box você treina? CrossFit Most

Há quanto tempo treina CrossFit? Desde 2012

Qual seu Benchmark favorito? Isabel ou Grace

Ponto forte no CrossFit? Barras pesadas

Ponto fraco no CrossFit? Handstand walking

 

Nota do HC: Isabel são 30 snatches com 135/95 lbs por tempo. Grace são 30 Cleans and Jerks com 135/95 lbs por tempo. Barras pesadas foi a tradução encontrada para Heavy Barbells, que seriam levantamentos olímpicos ou tipo powerlilfting com bastante peso.

 

HC: Você costumava jogar basquete, que é um esporte em times. E agora você compete individualmente no CF. Como foi a mudança do basquete para o CrossFit? Foi complicado adaptar-se de um esporte coletivo para uma competição individual?

 

EA: Sim. Para mim não há nada como lutar por um objetivo com um grupo de pessoas motivadas e de fato executando os passos necessários para atingir aquele objetivo.

 

Como um indivíduo você está a sós com você mesmo, mentalmente. Só você pode ser responsabilizada – na verdade eu gosto por que se eu fizer alguma besteira eu só posso me culpar. Também, a comunidade e bons coaches fazem toda a diferença no seu treino na jornada para os Regionais e os Games. Eu amo a pressão de competir. Eu sempre aprendo algo sobre mim mesma – positivamente e negativamente.

 

HC: Descreva para a gente a sua rotina usual. Como são seus treinos diários? Você tem um coach que faz a sua periodização?

 

EA: Eu tenho um coach que comanda tudo. Fez a minha vida tão mais fácil. Jenn Swagar me vê todo dia, pergunta como eu me sinto e partimos daí. Se eu estou sob pouca recuperação então fazemos ajustes na programação.

 

Eu treino de uma a duas vezes por dia dependendo da época do ano. Acordo, como, passeio com os cachorros, vou para a academia, sou coach de algumas aulas, e então faço tudo que posso para me recuperar, e respondo alguns e-mails. Eu sempre tento praticar algum esporte, ir a uma aula de dança ou fazer algo além, para me manter sã.

HC: Você domina a região do Oeste do Canadá no Open. Como você enfrenta cada wod? Foi muito mais difícil fazer o 16.1 ao vivo ano passado?

EA: Eu lido com o Open como eu lidava com uma partida de basquete. Você tem uma tentativa de fazer o seu melhor. Se você não gosta do resultado então aprenda com isso ou mude algo no seu treinamento.

16.1 foi demais. Eu preferiria muito mais ter que fazer tudo na hora que fazer o wod sozinha na academia. Eu vivo por isso.

HC: Há alguma mudança na sua rotina de treinar para o open, depois regionais e depois Games? Afinal de contas, você nunca terminou numa posição pior que 2ª colocada nos regionais. Então eu imagino (e espero), que a verei novamente nos Games esse ano.

EA: O calendário de treinamento do open significa que eu farei menos volume e mais intensidade durante a semana.

O treinamento para os regionais exige mais sessões duplas durante a semana.

O treinamento para os Games são os melhores por que você tem que treinar situações mais atléticas do que apenas CrossFit em uma academia escura.
 

HC: No seu primeiro ano no Games você terminou na 35ª posição. Em 2015, você terminou em 8º. Então, ano passado foi para a 20ª posição. O que houve? Eu tinha certeza que a veria nos top 10 novamente em 2016. Houve alguma mudança na sua preparação esse ano para o games?

EA: Bom vou te contar. Eu fiz MUITAS viagens e competições. Mas não me arrependo de nada por que eu amo viajar e amo competir. Mas infelizmente foi prejudicial para o meu corpo e eu não tinha um planejamento conciso do treino. Eu estava sempre um pouco lesionada e treinando em excesso. Este ano estou mais magra, mais má e definitivamente não esgotada. Estou treinando de forma mais inteligente, descansando mais, relaxando mais e investindo mais em experiência agradáveis para mim mesma (tipo ir a aulas de dança, fazer alguns cursos, procurar outras oportunidades). É bom sair da academia – você não perderá seus ganhos.

HC: Como você lida com a pressão dessas competições? Porque você parece sempre estar se divertindo. Você fica nervosa?

EA: Eu sinto a pressão e o estresse conforme se aproxima da competição. Às vezes eu nem sempre me divirto porque, como todos sabemos, CrossFit é foda para caralho. Treinar te deixa dolorida todos os dias. Competições te deixam dolorida. Tudo dói. Sempre. Uma vez que você aceita isso então está feito. Vai doer – muito mesmo.

A performance então se torna um jogo mental. E para mim esse jogo é focar em mim mesma assim como apreciar essa loucura toda que eu me envolvi, tipo fazer clean e jerk com 232 lbs em frente de 20.000 pessoas num estádio de tênis. Quão legal é isso? Como diz William Wallace em “Coração Valente” , “Todos os homens morrem mas poucos homens vivem”. Porra, quando eu estou ali competindo eu estou realmente vivendo. Então é melhor eu aproveitar o que eu posso (até as piores coisas).

HC: Recentemente, você fez um post no Instagram (que mais tarde foi deletado pelo Instagram) em que você mostrou a conversa que você teve com um homem em um aplicativo de relacionamento. Nessa conversa ele  diz: “Você está em excelente forma e tal…mas uma mulher não muito feminina…eu prefiro mulher de verdade”. Ele acrescentou: “Forte, linda, e que tenha orgulho de ser uma mulher. Não tenta parecer um homem”. Infelizmente isso é muito comum no Brasil também…que conselho você dá a uma mulher que sonha em ser uma atleta de CrossFit e tem que aturar essas coisas sem sentido?

EA: É duro lá fora. E eu sei o que estigma social na América Latina é ainda pior de lidar. Eu tenho a sorte de ter uma família, amigos e a comunidade do CrossFit como suporte. Eu nem sempre tive o suporte da família e alguns amigos meus já me questionaram sobre as minhas escolhas, mas a comunidade do CrossFit sempre esteve lá me encorajando a me expressar do jeito que eu quero. E isso foi através de muito levantamento de peso e sendo fit para caralho. Então eu diria para as mulheres terem a convicção de ir lá e serem o que elas quiserem ser sem se importar com as consequências/ comentários ou a reprovação da sociedade como um todo. Mulheres no CrossFit estão apenas expandindo a visão estreita da sociedade de beleza. Mulheres do Brasil – continuem sendo VOCÊS.

HC: Qual seria o seu evento dos sonhos nos Games de 2017? Qual seria seu pesadelo? E qual é o seu principal objetivo nesta temporada?

EA: Honestamente neste momento eu aceitaria qualquer evento nos Games. Eu só quero voltar e ver o quanto eu melhorei. Pesadelo? Handstand walk sobre brasa – mais ainda assim faria.

Meu objetivo é dar tudo que eu possa para que eu morra em paz quando eu tiver 94 anos após ter me vangloriado com meus descendentes com mais um conto dos meus dias no CrossFit Games.
 

 

FULL ENGLISH VERSION

Quick Profile

Name: Emily Abbott
Which CrossFit affiliate do you train? Crossfit Most
How long have you been training CrossFit? Since 2012

What is your favorite Benchmark? Isabel or Grace
What is your strength in CrossFit? Heavier barbells

What is your weakness? Handstand walking. 

HC: You used to play basketball, which is a team sport. And now you compete as an individual at the CrossFit Games. How was this change from Basketball to CrossFit? Was it hard to adapt from a team sport to an individual competition?

EA: Yes. For me there is nothing like working toward a goal with a group of motivated people and actually executing the steps necessary to reach that goal.

As an individual you are on your own mentally. You are only accountable to yourself- I actually like that because if I screw up I only have myself to fault. Also the community and good coaches make all the difference on your training journey to Regionals and the Games. I love the pressure of competition. I always learn something new about myself- positive or negative. 
 

HC: Describe for us your normal routine. How is your everyday training and work sessions? Do you have a coach to do all your programming?
 

EA: I have a coach that runs my show. It has made life so much easier. Jenn Swagar sees me everyday, asks how I feel and then we go from there. If I am under-recovered then we make adjustments to the program.

I train either once or twice a day depending on what time of year it is. I wake up, eat, walk my mutts, head to the gym, go coach some classes, then do everything I can to recover, answer some emails. I always try to go play a sport, go to a dance class or do something out of the ordinary so I stay sane. 

HC: You dominate the Canada west region in the open. How do you attack each workout? Was it much harder to do the 16.1 live last year? 

EA: I treat the Open like I would treat a basketball game. You have one attempt to do your best. If you don’t like the outcome well then learn from it or change something in your training.

16.1 Live was a blast! I would so much rather have to perform on the spot than be doing a workout alone in a gym. I live for that shit. 

HC: Is there a change in your routine from training to the open, then regionals and then games? After all, you never finished below 2nd place at regionals. So I imagine (and hope), we will see you again at the games this year!

EA: The Open training schedule means that I will be doing less volume and higher intensity during the week.

Regionals training will ramp up to some more double sessions during the week

Games training is the best because you get to train more athletic situations rather than just crossfitting in a dark gym.

Damn right I am going to do everything in my power to get to the Games! 
 

HC: In your first year at the Games you finished in 35th. In 2015 you finished at 8th. Then, last year you finished at 20th. What happened? I was sure you were getting top 10 at least again in 2016! Did you changed something this year to prepare yourself for the games?

EA: Well I’ll tell you. I did WAY too many competitions and travel. But I don’t regret any of it because I love to travel and I love to compete. But it did take a toll on my body and I didn’t have a concise training plan. I was always semi-injured and over-training. This year I am leaner, meaner and definitely not burnt out! I am training smarter, resting more, relaxing more and investing more into fun experiences for myself (like going to dance class, taking some courses, pursuing other opportunities). It’s okay to get outside of the gym- you won’t lose your gains. 
 

HC: How do you deal with the pressure of these competitions? Because you always seem to be enjoying yourself all the time! Do you get nervous?

EA: I do feel pressure and stress leading up to competition. Sometimes I don’t always enjoy myself because, as we all know, Crossfit is fucking hard. Training hurts everyday. Competitions hurt. All of it hurts. Always. Once you have accepted that then you’re golden. It is going to hurt- real badly.

Performance then becomes a true mental game. And for me that game is focusing on myself as well as appreciating the crazy shit I get to do- like clean and jerk 232 lbs in front of 20,000 people in a tennis stadium. How cool is that? Like William Wallace of Braveheart said, “All men die but few men live.” Well damn- when I am competing on the floor I am really living. So I best be enjoying what I can (even the miserable stuff)

HC: You recently did an instagram post (later deleted by instagram) in which you showed the conversation you had with a man at a dating app. In this conversation he said “You’re in great shape and all.. But not a very feminine woman.. I prefer a real woman,’ Dave added. ‘Strong, beautiful, who pride herself on being a woman. Not trying to look like a man.” Unfortunately this is also common in Brazil… what advice you give to the women that hope to become a CrossFit athlete to put up with this nonsense?

It is tough out there. And I know the social stigma’s in Latin America are even tougher to handle. I am lucky that I have family, friend and Crossfit community support. I didn’t always have familial support and some of my friends have questioned me on my choices but the Crossfit community has always been there encouraging me to express myself the way I want. And that was through lifting weights and being fit as fuck! So I would tell the ladies to have the conviction to go out there and be whatever they want to be regardless of the consequences/ comments or disapproval of society at large. Women in Crossfit are only expanding on society’s narrow view of beauty. Ladies of Brazil- Keep doing YOU!. 

HC: What would be your dream event in the ’17 Games? What would be your nightmare? And what is your main goal for this season?

Honestly at this point I would take any event at the Games. I just want to get back and see how much I have improved. Nightmare? Handstand walk over hot coals- but I would still do it 

Main goal is to give everything I got so I can die in peace when I am 94 years old after I have regaled my progeny with yet another tale of my crossfit games days.

Artigos relacionados

Subscribe for notification
Sair da versão mobile
Pular para o conteúdo