Quando ela ganhou o CrossFit Games em 2015, muitos ficaram surpresos. Ninguém apostava nela. Mesmo em 2016, quando ela se tornou bicampeã, as apostas estavam mais focadas em sua conterrânea, e outra “dottir”. Pois bem….Katrin Davidsdottir se tornou uma força no CrossFit um ano após não ter conseguido a classificação para o mesmo. Mas como apostar em alguém que antes de vencer tinha como sua melhor colocação um 24º lugar em 2013? E esse ano? Seria ela capaz de ser a primeira mulher a ganhar o Games pela terceira vez, feito que nenhuma mulher fez até hoje (Annie Thorisdottir tem dois títulos, 2011 e 2012)?
O que mudou de 2014 quando ela não se classificou para 2015 quando ela ganhou? Seu coach: Ben Bergeron. O mesmo do Fraser. E esse é o mesmo coach dela esse ano. Sim, sabemos que ela não ganhou os regionais esse ano, ficou em segundo. Mas Bergeron sempre fala que prepara seus atletas para os Games e não para o open ou regionais. O segundo lugar nos regionais pode motivá-la ainda mais para entrar focada e com olho na vitória. Mas quem poderia impedi-la nesse trajeto?
Dois nomes óbvios surgem: Sarah Sigmundsdottir e Tia Clair-Toomey. Sarah é a favorita de muitos. Ela já era ano passado, mas uma sequência de erros a fez novamente ficar em terceiro. Mas algo mudou esse ano. Ela se mudou para os Estados Unidos e está treinando com ninguém menos que Rich Froning. O campeão por 4 vezes no individual e 2 por time tem também Sarah Sigmundsdottir em seu box treinando com ele. Isso realmente dá uma força a ela. E a quieta Toomey, que está sempre lá e aparece do nada para ganhar, aposto que está cansada de ficar sempre em segundo. Fraser foi segundo duas vezes seguidas antes de se sagrar campeão. E outra, ano passado ela também treinava para os jogos olímpicos do Rio…agora o foco é só o Games. Espero vê-la brilhando esse ano.
Mas há outros nomes, menos conhecidos, que podem surpreender em 2017. O primeiro que salta aos olhos é Carol-Ann Reason-Thibault (que foi entrevistada por nós do HugoCross). Ela simplesmente detonou nos regionais superando a atual campeã Katrin e batendo muitos recordes. Sua melhor colocação foi 14º lugar ano passado, mas isso não quer dizer muito dado o histórico da própria campeã atual. Kristin Holte e Jamie Green, da Meridian Regional, também podem surpreender. Holte terminou os regionais em primeiro, ganhando da campeã de 2013 Samantha Briggs e é uma veterana experiente no Games. Já Green faz seu debut na categoria individual esse ano, tendo ficado em primeiro lugar geral no open em 2016 e em terceiro por time com CrossFit Yas ano passado no Games. Por fim, Kristi Eramo estreou ano passado em 8º e não duvido que ela possa ir bem além esse ano, garantindo um lugar no pódio!
E as sempre favoritas de todos? As mais famosas?
Nesse quesito vou separar em quem acho que vai bem contra quem eu acho que não irá muito bem.
Comecemos com quem tem chances de ir bem. Brooke Wells, Samantha Briggs e Kara Webb. A primeira também é treinada por Ben Bergeron e só isso para mim diz muito. Além disso ela é muito forte e tem um dos maiores snatches das classificadas. Samantha Briggs, apesar de já ser considerada Master, é uma força inegável! Ela simplesmente ganhou 2013 e ficou em 4º lugar tanto em 2015 quanto em 2016. Ela tem tudo para se dar muito bem no evento de corrida de obstáculo, mas sabemos da dificuldade dela em RM de snatch, por exemplo. Já nessa segunda prova espere ver Kara Webb brilhar. Ela tem o maior snatch das mulheres com 220 lbs. Ela ficou em 5º em 2015 mesmo tendo passado absurdamente mal no MURPH e em 7º ano passado. Difícil fazer previsão sem saber as provas para as três, mas espere um resultado global muito bom para elas.
As que eu infelizmente acho que não devem ir tão bem seriam Annie Thorisdottir, Camille LeBlanc-Bazinet, Lauren Fisher e Chyna Cho. Annie e Camille são antigas campeãs. Annie ganhou em 2011 e 2012 e Camille em 2014. Infelizmente, elas não tem conseguido repetir o mesmo sucesso nos dois últimos Games. O formato atual tem sido prejudicial para as atletas por diferentes razões e suas performances tem sido muito irregulares nas provas. Fisher e Cho são grandes forças nas redes sociais, mas a não ser por um ou outro Games com colocações melhores não tem mostrado regularidade. Contudo, vale lembrar a vitória da Cho nos regionais da Califórnia e a quase não classificação da Fisher nos mesmos regionais. Apesar de ter um pé atrás, tenho sempre um lugar para Chyna Cho nos top 10.
E tem também aquelas que eu admiro e que quero ver indo bem. Emily Abbot é uma mulher forte e determinada, como vocês podem perceber na entrevista que nos deu. Depois de um 8º lugar em 2015, ela caiu drasticamente em 2016 e assumiu que foi por que se empolgou demais, participando de muitos eventos naquele ano. Disse estar mais concentrada nessa temporada. E estou torcendo para ver. Kari Pearce (que também nos deu entrevista) passou por todos os esportes do CF antes de entrar no CF. Isso fez com que ela crescesse rapidamente. Com menos de um ano de CrossFit ficou em 21º em seu primeiro Games. Ano passado, já mais experiente, ficou em 5º. Esse ano ficou em 3º nos regionais, mas esse também tinha sido sua colocação nos regionais de 2016, então não quer dizer muito. Por fim, Valerie Volboril é um caso singular e uma torcida pessoal. Por que? Por que ela tem 38 anos, treina 1 hora por dia e é mãe e professora. E não a menospreze por isso, ela ficou em 5º em 2012, 3º em 2013 e 5º em 2014. Experiência ela tem, inclusive de pódio.
Esse ano sinto que as mulheres trarão mais emoção aos jogos do que os homens. Não acho que será um passeio para ninguém e que será muito disputado. Estou realmente ansioso para ver. Chega logo CrossFit Games 2017!!!!