Sempre que testo um tênis eu me pergunto: vale a pena gastar dinheiro para ter um? Afinal de contas, essa é a pergunta final que todos se fazem antes de comprar um. Essa última semana eu tive a oportunidade de testar uma sapatilha de levantamento de peso de uma empresa brasileira, a @foostfitness, e é essa a pergunta que vou responder para vocês. É importante lembrar sempre que, quando escrevo um review como esse, eu escrevo as minhas primeiras impressões sobre o produto baseado, obviamente, nas minhas especificidades (formato do meu pé, minha mobilidade e afins), mas claro, sempre tentando levar o máximo de informações que todos possam aproveitar para suas avaliações pessoais.
Primeiras Impressões
Eu testei o fabricado em canvas, preto, com solado de madeira e strap de couro marrom. O look em geral lembra muito o lifter da Nobull (pelo menos em foto, já que não tenho o da Nobull….ainda ☹), o que para mim faz dele um tênis bem bonito. Parece ser bem construído e muito confortável ao vestir. O drop, ou seja, a altura efetiva do calcanhar, é o maior do mercado com 32.5 mm. Para vocês terem uma noção, o lifter da Nobull tem drop de 18.5mm, o Adipower da Adidas de 19 mm, o Romaleos 3 da Nike de 20 mm e o Legacy da Reebok de 21 mm. E sim, a impressão que você tem ao vesti-lo é que ele realmente é muito alto, ou seja, pensado mesmo para quem tem problema de mobilidade de tornozelo (eu confesso que tenho pouca no direito e muita no esquerdo, o que é péssimo). Ele também é um pouco mais pesado que meu Adipower (tamanho 10, os dois), em torno e 60 grs mais pesado apenas. Por fim, a empresa também incluiu o que chamou de Foost c-frame, componente em TPU, para dar estabilidade no interior e ajudar quem sofre de pisada pronada, como eu.
Desempenho
Confesso que ao vestir a primeira vez, achei-o estranho e parecendo que estava largo no pé. Principalmente na lateral. Contudo, isso foi apenas uma primeira impressão. Assim que comecei a testar para levantamento, ele me pareceu extremamente estável, sem a menor sensação de estar “folgado”, como pensei inicialmente. Pode ser por que ele é bem mais largo que o Adipower, que estou mais acostumado a usar. Mas isso também se mostrou muito bom nos testes de levantamento, impedindo que meu pé e meu joelho “entrasse” tanto para dentro (sim, isso acontece de vez em quando, por causa do tipo de pisada e mobilidade que tenho, ou falta de…).
Por causa da incrível altura efetiva do calcanhar, eu senti de certa forma uma melhora considerável no recebimento da barra no squat snatch. Inclusive, foi exatamente nesse movimento que eu senti a maior vantagem desse lifter. Além disso, também vi grandes vantagens em agachar com ele, sem a menor possibilidade de levantar o calcanhar ao subir com o peso. Para quem talvez tenha uma excelente mobilidade, pode não fazer tanta diferença. Contudo, para mim, a mudança foi brutal. Outra coisa que gostei de fazer, mas confesso que fiz pouco, foi o split jerk. Ele se mostrou firme, estável e controlou melhor meu pé da frente (que de vez em quando teima em não terminar completamente plantado no chão). Nessas horas também você acaba sentindo um pouco a diferença de peso. Essa diferença é boa na hora de firmar seu pé, mas saiba que na hora de movimentá-los, você terá que ser mais rápido que o normal. Pode talvez demorar um tempo para se acostumar.
De forma geral, estou extremamente bem surpreendido com o trabalho da @foostfitness com essa sapatilha de LPO 100% nacional. Não sei apenas se essa altura fora do normal não pode incomodar demais para quem for usar por muitas horas seguidas, mas para um crossfitter comum, não foi incômodo algum (se você precisar se movimentar muito…tipo ir ao banheiro, pode sentir o que eu estou falando…).
Custo benefício
A um preço de R$649,00 reais (parcelado em até 3 vezes), o lifter da @foostfitness é um pouco mais caro do que o lifter 2.0 da Reebok, único facilmente encontrado no Brasil. Mas note que o lifter 2.0 da Reebok não é um par exclusivo para LPO, mas é tipo um híbrido que te dá uma boa ajuda no LPO mas ainda te permite fazer um burpee ou outro. Este modelo da Foost é exclusivo para LPO e estaria na mesma categoria do Legacy, Romaleos e Adipower que, se você encontrar no Brasil, vai pagar perto de R$1000,00 para mais. Sendo assim, ele se encontra num preço extremamente competitivo quando comparado as demais sapatilhas de LPO, e aproximadamente o mesmo preço de qualquer um comprado lá fora. Analisando tudo, a minha primeira impressão é que ele vale muito a pena, pelo excelente desempenho que teve comparado ao preço e disponibilidade no mercado.
Mas…será que eu preciso mesmo de um tênis exclusivo de LPO?
Eu já escrevi sobre isso mas deixei aqui novamente como pergunta bônus. Se pergunte: quantas vezes você faz snatch ou clean e jerk na semana? Muitas né? Então vale sim. Um lifter tem tanto a altura efetiva de calcanhar maior que a normal para te permitir agachar bem para receber a barra quanto a estabilidade de firmeza para mover o peso. Ou seja, nesse sentido, ele precisa ser o contrário de um tênis de corrida, que absorve a força do seu corpo para limitar o impacto. Um lifter precisa te ajudar a usar toda a força que seu corpo produz para o levantamento.
Ele obviamente não é para ser usado em WODs que envolvam qualquer movimento como corrida, box jump, corda, ou coisas assim. Mas em movimentos que não exijam uso dos pés, como pull ups, bar mu, ring mu, toes to bar e, obviamente, em levantamentos, ele pode ser usado facilmente. (OBS: não gosto de lifter para deadlifts, prefiro tênis que tenham solado reto…qualquer altura a menos que eu tenha que levantar a barra já ajuda).
Mas não se esqueça…apesar de ele te ajudar sim em movimentos como squat snatch e OHS, isso não é motivo para negligenciar a causa que faz tantos de nós felizes ao usar um lifter, a falta de mobilidade. Pegue um WOD como Nancy, que envolve overhead squat e corrida; não dá para usar um tênis para o OHS e outro para corrida.
Então trate de usar muito bem seu lifter novo e trabalhar em todas as suas deficiências e bom levantamentos!!!!