O Teste dos Lifters

Somos muito questionados por nossos seguidores e amigos se eles devem ou não comprar uma sapatilha específica de LPO, comumente chamada de Lifter, e qual seria a ideal. Responder a primeira pergunta é fácil: Sim! Deve! E essa conclusão não se deve apenas pelo fato de sermos viciados em tênis, mas por que realmente faz muita diferença mesmo. Seja para praticar melhor o levantamento de peso, para agachar com postura correta, ou o que for, vale a pena! A segunda pergunta já é bem mais difícil de responder. Isso por que as pessoas possuem a anatomia dos pés diferentes, níveis de mobilidade diferentes, e outras características individuais que fazem com que um lifter seja melhor mais adequado que o outro a depender da pessoa.

 Ainda assim, embora seja um grande e difícil desafio, para sanar muitas de nossas dúvidas e também por diversão, afinal é algo relacionado ao que amamos, juntamente com o coach de CrossFit Luis Unzueta, fera no LPO, decidimos testar alguns os lifters que tínhamos a nossa disposição. Nós dois calçamos 42 (ou 10, na notação a americana) então juntamos os que tínhamos e emprestamos mais dois para realizar o teste. E desafiamos: Qual é o melhor lifter? Eis os concorrentes: Adipower da Adidas, Romaleos da Nike, Anta da China, Legacy da Reebok e o lifter da Foost, da Foostfitness. Confessamos que  não foi tarefa fácil, pois também não dispúnhamos de muito tempo para uma tarefa árdua como essa. Além disso, ficar trocando de sapatilha de LPO com diferentes alturas, larguras e consistência não ajuda muito se você tem apenas um dia para o desafio. Então decidimos utilizar o seguinte método: testar o máximo possível, cada um nós nos levantamentos, deixando os nossos próprios lifters por último. A ideia foi confrontar nossas duas visões, pois teríamos um cara mais experiente e forte no caso (ele) e um cara iniciante e meio frango, que é este que vos escreve!

 Vamos começar com algumas considerações sobre o perfil dos testadores para que saibam algumas de nossa características individuais e compreendam melhor nossos critérios e análise dos lifters:

 HugoCross One –  2 anos e meio de prática de CF e 2 anos de aula de LPO. Possuo certa falta de mobilidade no calcanhar direito em comparação ao esquerdo, o que faz com que esse pé de vez em quando entre lateralmente para dentro (junto com o joelho). Tenho pisada pronada, o que não ajuda o comentário anterior. Além disso, também sofro com falta de mobilidade torácica e, como principal erro, costumo ir para a ponta dos pés nos movimentos de squat.

 Luis Unzueta – 4 anos prática de CF, CF Weightlifting Trainer, certificado LPO System e Certificado Torokhtiy Workshop. Compartilho da mesma falta de mobilidade de tornozelo e por conta de um histórico como atleta de basquete na adolescência, tenho também uma tendinite patelar crônica.

 Feitas tais considerações importantes, então partimos para a análise comparativa dos lifters, que imaginamos, vocês devem estar super curiosos para saber o resultado!

 ADIPOWER  

HC: O mais leve de todos os tênis e, com certeza, o mais estreito. Esse foi meu tênis de LPO nos últimos dois anos e foi apenas na comparação que eu vi que ele não era o ideal para mim. Com 19 mm de drop, ele é um bom tênis de LPO, mas sua ponta muito mole e a falta de firmeza não me ajudam muito nos levantamentos e eu sempre, sempre vou para a ponta do pé com ele. Passou-me a sensação de ser o menos estável tanto no snatch quanto no clean and jerk. Por outro lado, é bem confortável quando comparado aos demais e com ótima durabilidade, pois mesmo depois de 2 anos de uso contínuo, aparenta ainda estar novo.

LU: A parte da frente pareceu-me ser a mais maleável de todos os testados, o que facilita ir para a ponta dos pés, acredito também que seja o mais leve de todos, ou seja, é um tênis que exige muita qualidade técnica do atleta, pois não aceita muitos erros e desequilíbrios. É um tênis confortável e está muito longe de ser ruim, pois temos vários campeões de LPO que utilizam o Adipower, pois é sim um tênis de alta qualidade e que vai durar bons anos de treino.

 ANTA

HC: O que eu vou falar aqui pode parecer um pouco injusto, pois o único Anta que tínhamos disponível era um tamanho 39, ou seja, 3 números abaixo do meu. Logo, meus dedos ficavam bem espremidos e o quesito conforto/peso não vai entrar na conta. Mas confesso que fiquei surpreso com a sua estabilidade. Precisei brigar um pouco no squat snatch, mas foi fácil completar o levantamento. Ele é tão estreito quanto o adipower na minha concepção, mas possui um solado mais firme, menos flexível na ponta que me deu um melhor resultado de forma geral. Sobre durabilidade, ainda não posso dizer. Com o tempo o @coachmoraes poderá falar sobre isso.

LU: A construção do Anta é muito parecida com a do Romaleos II, porém com um formato estreito parecido ao Adipower, para quem tem o pé mais fino deve dar mais segurança, no meu caso ficou um pouco apertado demais. Ele me jogou um pouco para frente nos squat cleans, mas acredito que seja um problema da numeração não ser a nossa. Compreendam que em função da numeração, para não sermos injustos, estamos relativizando algumas críticas e até elogios.

 FOOSTFITNESS

HC: Já fizemos um review dele e mencionamos que nos surpreendeu positivamente. É 100% de fabricação nacional, pesado, salto de madeira com solado de borracha e incríveis 32 mm de altura efetiva de calcanhar. Realmente gostei de fazer LPO com ele. É o mais confortável de todos no pé, mas é o mais desconfortável para andar, a não ser para as meninas, acostumadas a utilizar sandálias plataforma, com enormes solados. Ele parece frouxo no pé, mas ao final se mostra estável. Ele é relativamente largo o que é muito bom para o meu pé. A sua ponta é menos flexível que os demais e com o seu peso é bem concentrado no calcanhar, ele dificulta muito o chamado “ir para a ponta do pé”. O lifter que testei, a sola de borracha descolou um pouco da madeira (veja resposta da FoostFitness no final da matéria). A empresa, contudo, se certificou de buscar em minha casa, verificar o problema e devolvê-lo para mim o quanto antes. Esperamos e imaginamos que isso irá ocorrer com todo cliente.

LU: Estava ansioso para testar o Foost, por vários motivos: sola de madeira, maior altura de calcanhar do mercado, ser nacional, fácil acesso e para poder ter segurança de indicar ou não para os alunos. Dito isso, destaco que a trava de cima não é só estética, ela realmente dá uma maior segurança, embora por estar acostumado ao RomaleosII tenha sentido falta da segunda trava de baixo. O tênis me surpreendeu, muito estável, permite projetar bastante o centro de massa para trás, facilitando a recepção principalmente do snatch, embora as cargas terem sido baixas (155lbs), foram várias repetições  executadas com bastante segurança. A preocupação com relação à durabilidade continua, principalmente devido ao valor do investimento, pois tem valor parecido para quem tem a possibilidade de comprar os concorrentes diretamente nos EUA e/ou pedir para aquele seu amigo ou familiar amado trazer para você.

 LEGACY

HC: Dentre os 3 mais conhecidos (adipower, romaleos e legacy), essa é a sapatilha mais pesada e com maior drop das três. Muito bonito e confortável o Legacy, no entanto, não funcionou muito bem para mim. Não consegui realizar bons movimentos, nem me manter estável nas posições de recebimento, tanto do snatch quanto do jerk. Aparentou para mim mais ou menos as mesmas dificuldades do adipower, mesmo com o calcanhar mais elevado.

LU: Gostei bastante do desempenho, muito embora, devido ao meu tênis de treino ser o Romaleos II é inevitável a comparação da flexibilidade da parte da frente da sola, o Legacy se assemelha muito ao Adipower neste quesito, o que me gera certa instabilidade, principalmente no snatch. É bem confortável o que permite um treino longo de LPO sem causar desconforto aos pés.

 ROMALEOS

HC: O Romaleos analisado foi a segunda versão e não a terceira. Isso faz diferença? Faz sim, pois pelo que pesquisei o 3 está mais estreito que o 2. Se isso for verdade, será realmente uma pena, pois realmente gostei da largura desta versão Romaleos. Ele é muito firme, mas não tão confortável quanto os outros testados. Contudo, isso não é necessariamente algo ruim. Fiquei impressionado como ele me firmou no chão em todas as posições e me surpreendeu em comparação ao adipower, mesmo tendo aproximadamente o mesmo drop. Não houve muita briga, nem  gerou idas para a ponta do pé. Além disso, ele possui comprovada durabilidade, com alguns levantadores usando o mesmo romaleos há anos. Um detalhe especial foi que sua ponta, menos flexível que a do adipower me ajudou com as minhas falhas.

LU: O Romaleos II é meu tênis de treino a 11 meses, logo, é muito difícil ser imparcial neste momento. Neste tempo treino LPO com uma frequência de no mínimo 3x na semana e ainda é difícil notar o desgaste da sola, praticamente intacto. Com certeza é o mais “duro” de todos, mas também o mais estável.

ENTÃO QUAL O FAVORITO?

HC: Confesso que o problema da sola me desanimou um pouco com o foost, mas quero crer que isso possa ter sido algo pontual, fica aqui o espaço para o fabricante se manifestar e explicar se quiser. O novo que me foi enviado tem sido usado sem parar e não apresentou mais o mesmo problema. Ponto para eles pela agilidade na troca e pela solução. Assumindo que os dois tem a mesma durabilidade, escolheria o foost. Contudo, sabendo da tradição de uma empresa como a Nike, ainda tendo a ficar com o Romaleos nesse caso. E olha que eu nem gosto do Metcon…sou #teamnano, mas realmente em termos de LPO, neste teste, o Romaleos venceu. Contudo, daqui a alguns anos,  talvez a foost me prove que estava errado em pensar assim, quando definitivamente não largarei a sapatilha deles nunca mais.

LU: O Foost tem vários pontos positivos como: conforto, altura de calcanhar que funciona, é estável e seu acesso é muito fácil, por ser nacional e ter a facilidade do parcelamento na compra, mas sua durabilidade ainda precisa ser comprovada. Este comparativo me deu a certeza de ter feito a escolha certa com o Romaleos II, melhor estabilidade e segurança para meus movimentos e sua durabilidade tem se mostrado excelentes.

 Por fim, gostaria de destacar e lembra-los do seguinte….se você não tem nenhum e possui interesse e recursos para adquirir um QUALQUER UM, destes que testamos será melhor que o que você possui no momento. Principalmente se você não tem a mobilidade de um chinês, a força de um ucraniano e os “suplementos” de um russo!

 RESPOSTA DA FOOSTFITNESS

A FOOST lamenta muito o ocorrido em relação ao processo de início descolagem da sola. No entanto agimos de forma rápida para buscar a causa do ocorrido e identificamos que foi um erro de fornecimento onde nosso fornecedor entregou a cola com a especificação incorreta. Causa identificada, reparamos imediatamente todos que estavam em produção bem como àqueles que já havia sido entregues.
A FOOST reforça não só seu compromisso com a Qualidade e Performance de seus produtos mas principalmente com seus clientes buscando promover  sempre a melhor experiência. Todas as marcas, das mais renomadas (inclusive Apple) às menos, estão sujeitas à problemas de processo. A diferença está em como agir nestas situações.

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