Problemas de pele comuns no CrossFit: Acne e Oleosidade

Nós sempre tentamos trazer informações diferentes para os nossos leitores. E dessa vez contatamos uma médica, a Dra. Gabriela Nero Mitsuushi ( @dragabrielaneromitsuushi ) sobre um problema que afeta muitas crossfiteiras e crossfiteiros, a acne adulta. Nesse texto ela fala mais sobre o problema e medidas importantes para melhorar a situação. Veja a seguir o texto dela:

Como praticante de crossfit e dermatologista, percebi que alguns problemas de pele afetam bastante os crossfiters. Nesse primeiro artigo falarei sobre oleosidade excessiva e espinhas. 

Acne vulgar é o nome que se dá para o quadro clássico de cravos espinhas nas áreas mais oleosas do corpo como rosto (zona T), costas e peito, muito comum em adolescentes.

 Quando a acne persiste ou surge na mulher após a adolescência, temos a “acne da mulher adulta”, devido a alterações hormonais ou pelo aumento da sensibilidade dos receptores de andrógenos na pele. A acne se manifesta com lesões nodulares inflamadas no terço inferior da face (queixo, mandíbula e pescoço), resultando em cicatrizes e manchas escuras. É muito comum entre as praticantes de crossfit por diversos motivos: é muito comum entre as praticantes de crossfit por diversos motivos: suspensão de pílulas anticoncepcionais para  evitar a inibição de testosterona endógena, síndrome dos ovários policísticos (que causa uma elevação dos hormônios andrógenos), uso de hormônios esteroides e até mesmo pelo aumento natural de testosterona com os treinos curtos de alta intensidade.

 Muitas dessas mulheres não desejam usar medicamentos orais para melhorar a pele, como inibidores hormonais, antibióticos e isotretinoína (Roacutan), pois podem afetar a performance nos treinos e/ou interferir no metabolismo hepático dos suplementos esportivos. Para isso, cabe ao dermatologista compreender o estilo de vida da atleta/praticante de crossfit e tentar tratamentos tópicos e procedimentos.

Vale lembrar que a associação entre uso de suplementos alimentares ricos em aminoácidos de cadeia ramificada1, como o whey protein, e oleosidade/acne já está bem estabelecida. Estudo com 30 participantes que faziam uso de whey protein mostrou que, após dois meses de uso, 100% dos usuários desenvolveram acne inflamatória ou apresentaram piora de quadro preexistente.1 Aminoácidos como lisina, arginina, leucina, iso-leucina e caseína são capazes de estimular os sebócitos, e alguns desses suplementos apresentam fatores de crescimento que podem estar relacionados ao surgimento da acne. 1,2 

Dieta rica em alimentos com alto índice glicêmico, resistência insulínica, dietas ricas em leite e derivados, uso de cosméticos oclusivos e estresse emocional são outros fatores importantes no desenvolvimento da acne e oleosidade.3

O que fiz com a atleta Anita Pravatti, e que deu super certo, foi combinar diversos tipos de tratamentos domiciliares (sabonetes específicos, ácidos e clareadores), além de procedimentos no consultório (peelings químicos combinados), sem ter que recorrer a medicamentos por via oral.

Atleta Anita Pravatti

 “Eu sofri com espinhas cravos e pele oleosa por muito tempo, principalmente quando aderi a dieta com mais proteína e gordura. Porém, todos os dermatologistas que consultava achavam necessário o uso de medicamentos, estes que eu não queria,  pois meu médico Dr. José Wilson Ribas já havia me alertado sobre as mudanças que ocorre na performance e também a  sobrecarga hepática que eles teriam em mim. A Dr. Gabriela conseguiu aliar um tratamento com peelings, ácidos e protetores solares próprios que surtiram muito efeito. Em três meses minha pele já não está oleosa, tanto que durante os treinos eu precisava lavar meu rosto várias vezes pois me incomodava, hoje já não sinto mais nada.” – Anita Pravatti, tetracampeã do torneio CrossFit Brasil

Sem tratamento adequado, as espinhas podem evoluir com manchas e cicatrizes inestéticas. Portanto caso isso afete você, não hesite em procurar a ajuda de um dermatologista!

Dra Gabriela Nero Mitsuushi
Dermatologista e Tricologista

Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia 
CRM 150187

1. Pontes TC, Filho GMCF, Trindade ASP, Filho JFS. Incidência de acne vulgar em adultos jovens usuários de suplementos protéico-calóricos na cidade de João Pessoa – PB. An Bras Dermatol. 2013; 88(6):909-14.

2. Ribeiro, BM. Acne da mulher adulta: análise clínica, etiológica e de imagem. Brasília. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – ESCS/ FEPECS/SES/DF; 2014.

3. Preneau S, Dreno B. Female acne – a diferente subtype of teenager acne? J Eur Acad Dermatol Venereol. 2012;26(3):277-82.

 

 

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