O documentário “The fittest” sobre o Crossfit Games 2019 ficou disponível há, aproximadamente, uma semana no iTunes do Brasil. Após opiniões favoráveis e contrárias ao filme, a equipe da HugoCross decidiu fazer um review explicando os diferentes pontos de vista. Mais especificamente as duas visões de um lado o Hugo 1, Sergio Sanchez (@sergiodsan) e nosso mestre em estatísticas sobre atletas, Guilhermo Gulin (@guigulin) do outro o Hugo 2, Ricardo Accioly (@raitec) e o nosso novo repórter Erick Guimarães (@erickgc01). Por que a escolha dos dois? Bom, basicamente porque um gostou e o outro nem tanto.
Tentamos fazer isso na forma de uma análise onde cada um tem a sua voz sobre o mesmo tema.
SS/GG: Os filmes de anos anteriores foram feitos pelos mesmo diretores que, à época, eram contratados da equipe de mídia da CrossFit. Quase toda equipe de mídia havia sido demitida logo após os Games de 2018. E os primeiros minutos do filme foram em parte dedicados a isso. O que obviamente é um fato importante, mas aparentemente isso firmou o tom do filme. Basicamente, o filme foi uma grade crítica à CrossFit e ao novo formato dos Games e às mudanças feitas pela CrossFit.
EG/RA: Claro, é incontestável que os produtores do filme queriam enfatizar o erro da marca CrossFit com as mudanças que, na opinião de muitos, atrapalharam o crescimento do esporte. Esse ataque é visto durante todo o documentário, porém, na minha opinião, foi algo necessário e impossível de ignorar por ser o primeiro CrossFit Games após as transformações. As diversas reclamações feitas pelos fãs, coaches e atletas não poderiam ser esquecidas durante o filme e precisavam estar em evidência.
SS/GG: Claro, eu mesmo tenho diversas críticas às mudanças da CrossFit e ao novo formarto dos Games. Mas por mais que você tenha todas essas reservas, não creio que num futuro próximo isso vá mudar (#tragadevoltaosregionaisporfavor). Sendo assim, focar metade do filme nisso tornou-o meio repetitivo, meio chato, como um se fosse um velho reclamando da vida e sendo saudosista sobre “os velhos e bons tempos”.
EG/RA: O documentário tenta passar um ar de suspense, de luta e de guerra (no bom sentido) entre os atletas e foi exatamente por isso que eu me apaixonei por esse esporte. As frases “Para mim, segundo colocado ou décimo, é a mesma coisa. Não é vencer” e “Eu não quero apenas ir lá e vencer a competição. Eu quero dominar”, ditas por Matthew Fraser e Tia Clair, respectivamente, logo no início do documentário, dão a sentença do que o filme iria mostrar e qual o clima nós poderíamos esperar durante as mais de duas horas de documentário.
Os momentos emocionantes da prova de PR Clean com Fraser empolgando um ginásio lotado, Kari vencendo o evento Mary no Coliseum, Noah parando os seus pull ups faltando três segundos para a prova acabar quando percebeu que Fraser não o passaria mais e Tia Clair deixando para trás todos os atletas na prova de natação são alguns dos motivos pelo qual ficamos vidrados do início ao fim no filme sem tirar os olhos da televisão.
SS/GG: Claro que ele teve bons momentos e que foram bem retratados. Mas o grande foco a partir da segunda metade do filme, vai sobre a possibilidade de Mathew Fraser se recuperar e ultrapassar Noah Ohlsen no final. Não se importou com praticamente nenhum outro atleta ou grande história que teve. Seja com a superação de Will Moorad após a lesão, ou a queda de Kari Pearce que a fes perder muito no final. Do lado feminino, o foco em Tia e Katrin fez com que as outras mulheres que subissem no pódio, Kristen Holte e Jamie Greene não passassem de meras desconhecidas.
Claro, é complicado seguir todos. Entendo perfeitamente. A própria Tia-Clair, em seu primeiro ano de pódio, foi ignorada durante todo o documentário e só surgisse no final. Mas, dessa vez, o final de semana inteiro foi focado em apenas 10 pessoas. E aparentemente eles só viram 4. Aquele que ameaçou Fraser, Fraser, Tia e Davidsdottir. Faltou a emoção, faltou história dos personagens e faltou a vibração que muitos de nós ainda tivemos mesmo torcendo o nariz para o novo formato.
EG/RA: Além disso, tivemos Patrick Vellner e Fikoswki, eliminados de forma antecipada ao que todos esperavam, criticando os cortes repentinos permitindo que apenas 10 atletas continuassem na disputa já no sábado. No nosso entender, esse foi o maior erro dos organizadores do CrossFit Games. Não seria uma má ideia manter 20 competidores para o penúltimo dia de competição e, depois disso, mais um corte seria realizado para o último e decisivo dia.
SS/GG: Concordo que o corte foi prematuro mas era a regra do jogo no momento. Na verdade, a melhor coisa que saiu desse tom de reclamação constante foi a briguinha do Vellner com o Castro após a saída do documentário. Vivi Aiello (@viviaiellob) acabou me indicando um bom vídeo do YouTube do Craig Richey exatamente sobre esse assunto. A ida do Dave Castro para as redes sociais fazendo um contraponto a todas as reclamações dos atletas sobre o formato e as provas dos Games 2019, e em particular, as do Vellner. Um direito de resposta após o filme também.
EG/RA: De forma geral, achei que o “The fittest” conseguiu passar a emoção e o sentimento que eu esperava ao assistir o documentário. Momentos marcantes, eventos emocionantes e disputas que chegaram a um nível extremo de dor, cansaço e superação.
SS: Já eu achei o documentário desse ano, de tom criticista, bem inferior aos dos anos anteriores. Talvez eu esteja sendo apenas um velho chato. Talvez a narração esse ano dos games tenha me deixado mais empolgado do que eu imaginava. Talvez o que eu senti não se refletiu no que vi no documentário.
Com o CrossFit Games de 2020 provavelmente acontecendo sem público esse ano e de volta no Rancho em Aromas, fica a pergunta para o próximo documentário: será que eles superarão tudo isso que ocorreu ou será que o foco continuará o mesmo? Vamos aceitar que não voltará o que era antes ou vamos lutar para a volta dos regionais, time de mídia e 40 atletas fazendo todos os workouts?
Você viu o documentário já? O que achou?
Assista o trailer oficial abaixo e para assistir o documentário completo acesse o itunes aqui.