Decidimos coletar os resultados dos atletas brasileiros e inseri-los nas outras semifinais para ver se eles se classificariam em diferentes cenários. Isso implica em refazer todas as colocações e pontuações de acordo. Para simplificar o processo, incluímos apenas os atletas que subiram ao pódio: os três homens (Kaique, Kalyan e Gui), Victória Campos e o Team Treta. Contudo, encontramos alguns problemas: (i) algumas semifinais usaram chip, então eles têm até os centésimos no tempo marcado, enquanto a Copa Sur não; (ii) no leaderboard não há o tiebreak que desempataria uma posição de outra, por exemplo, na prova de RM de snatch; (iii) na semifinal da América do Sul foi usada a AirBike, que é mais rápida que a Echo Bike; (iv) a linha de chegada estava mais perto em algumas semifinais do que em outras; (v) se houvesse uma competição mais acirrada, alguns atletas se esforçariam mais… ou seja, existem muitos fatores que influenciam na comparação entre as semifinais. Assim, se a comparação não é perfeita, vale a pena fazê-la? Claro… não podemos negar que é, no mínimo, interessante.
Como resolvemos esses problemas?
Na verdade, não os resolvemos. Simplesmente assumimos que, em caso de empate, a preferência seria do atleta brasileiro. Isso inclui o empate no número de burpees da prova 2 (pois precisaríamos saber quantos burpees todos os atletas fizeram no primeiro round), e o tempo sem centésimos nas outras provas, que consideramos como zero. Muita coisa poderia mudar se tivéssemos todos os detalhes? Com certeza. Por isso, talvez a lição mais importante seja mais perceber as falhas dos atletas do que necessariamente o sucesso deles em uma prova ou outra. Nesse sentido, a prova mais difícil de firmar seria o teste 5, pois muitos empatavam na casa dos centésimos.
O site The Barbell Spin recentemente colocou todos os classificados em um único leaderboard e o resultado foi que Kaique Cerveny teria ficado na 20ª colocação, Kalyan Souza na 32ª colocação e Victória Campos na 36ª colocação. No nosso caso, como decidimos incluir todos os brasileiros do pódio ao mesmo tempo, as vagas foram redistribuídas incluindo os atletas daquela semifinal mais os brasileiros. Por exemplo, no caso da semifinal da África, que tem apenas uma vaga, Kaique teria ficado em primeiro (com a vaga), Kalyan em segundo e Gui em terceiro. Assim, contabilizo apenas a vaga para Kaique nessa semifinal.
Agora, vamos analisar as performances hipotéticas dos nossos atletas, considerando cada um individualmente em cada semifinal. No resumo geral, temos:
- Kaique Cerveny apresentou uma performance impressionante, tendo se classificado, em teoria, em todas as semifinais;
- Kalyan Souza também teria exibido um desempenho de destaque, alcançando, teoricamente, classificação nas semifinais da Europa, Oceania, Ásia e, claro, da América do Sul;
- Gui Malheiros, sob a mesma suposição, teria alcançado classificação na semifinal da Europa, North America West e North America East.
Examinando os resultados de forma mais ampla, identificamos que os testes 1 e 3 teriam sido os mais desafiadores para os atletas brasileiros em todas as semifinais. Por outro lado, os testes 4 e 7 teriam rendido as melhores colocações para o trio. Eles também teriam obtido bons resultados no teste 6. Individualmente, Kaique e Gui teriam tido um desempenho particularmente bom no teste 2, enquanto Kalyan se sobressairia no teste 5. Contudo, vale ressaltar que o teste 5 é particularmente difícil de avaliar, uma vez que uma diferença de apenas um segundo poderia resultar em muitas alterações na classificação final.
A seguir, vamos explorar mais a fundo como cada atleta se sairia individualmente…
Kaique Cerveny
Kaique teria se classificado em 1o nas semifinais da África e Ásia, além da América do Sul. Na Oceania, pegaria a 3a vaga, enquanto que tanto na Europa quanto na North America West ficaria na 6a colocação nas semifinais. A sua pior posição geral seria na North America East, a mais disputada de todas as semis, com a 10a colocação.
Um aspecto notável do desempenho de Kaique nas várias semifinais é sua consistência. Ele teria vencido apenas um teste, o teste 1 na semifinal africana, mas sua pior colocação também teria vindo do mesmo teste, só que na semifinal europeia, onde teria conquistado um 34º lugar.
É interessante verificar que na comparação com as duas semifinais da América do Norte, o teste 3 – Linda, seria sua pior prova, com um 30o e um 34o lugar na leste e oeste, respectivamente. Contudo, analisando suas posições na Oceania e na Europa, seus piores resultados seriam no teste 1. De forma geral, esses dois tipos de workout parecem ser os “calcanhares de aquiles” de Kaique Cerveny indo para os Games 2023. Em apenas uma semifinal ele não seria o brasileiro mais bem posicionado, na Oceania, onde perderia o posto para Kalyan, nosso próximo atleta a ser analisado.
Kalyan Souza
Analisando os dados de Kalyan nas outras semifinais, vemos que ele se classificaria em 2o, além do Copa Sur, na Ásia e Oceania. Ficaria na 9a colocação e garantiria uma vaga na Europa, perderia a vaga da África para o Kaique e não entraria se disputasse as semis da América do Norte. Sua melhor colocação continuaria sendo a vitória no teste 3 tando no Copa Sur quanto na semifinal Africana, enquanto que seu pior resultado seria o 44o lugar no teste 1 na semifinal europeia.
Apesar de ter vencido o teste 3, Linda, no Copa Sur, seus resultados nas principais semis (América do Norte leste e Oeste e Europa) não seriam tão bons nessa prova. Ainda assim, seu pior resultado ainda seria no teste 1, com um 19o lugar na Leste, 21o na Oceania, 27o na Oeste e 44o na Europa. O que prejudicou Kalyan na América do Norte em relação à Europa e Oceania, por incrível que pareça, foi o resultado do teste 4, o RM de snatch, que ele obteve um 9o e um 11o na Leste e Oeste, contra um 4o e um 5o, respectivamente, na Europa e Oceania. Pode parecer pouco, mas são os pontos que faltariam para ele entrar nessas duas semifinais, tendo em vista que a piora dos seus resultados nos teste 2, 5 e 6 seriam equivalente à semi Europeia. E foi esse o workout que garantiu ao Gui a entrada nessas semifinais.
Gui Malheiros
No torneio Copa Sur, Gui Malheiros teve sua jornada ao Games dificultada pelo teste 1, no qual obteve a 15ª posição. Em um cenário hipotético, essa mesma performance no teste 1 teria impactado sua classificação nos torneios da África, Ásia e Oceania, resultando na 13ª, 21ª e 30ª colocação, respectivamente. Notavelmente, na Oceania, seu desempenho no teste 6 – no qual obteria a 17ª posição – também seria um fator crítico.
No entanto, na Europa e nas semifinais da América do Norte, onde o número de competidores é maior, resultando numa diluição mais ampla dos pontos, um desempenho abaixo do esperado no teste 1 não teria tanto impacto. Isso se deve, em grande parte, aos excelentes resultados de Gui nos testes 4 e 6. Agora, vamos examinar mais de perto as três semifinais onde Gui teria conseguido a classificação, graças a uma mistura de resultados, que oscilam como uma montanha-russa.
Na semifinal Europeia, apesar de uma modesta 58ª colocação no teste 1, Gui teria garantido a última vaga. Esta conquista se deveria principalmente às vitórias nos testes 4 e 6, e a desempenhos razoáveis nos testes 3 (21º lugar) e 5 (29º lugar). Na semifinal da América do Norte – Leste, apesar de algumas colocações baixas – 44ª (teste 1), 29ª (teste 5), 24ª (teste 3) e 15ª (teste 7) – Gui teria triunfado nos testes 4 e 6, além de uma respeitável 3ª colocação no teste 2.
Finalmente, na semifinal da América do Norte – Oeste, Gui teria enfrentado desafios com a 49ª colocação (teste 1), 29ª (teste 3) e 28ª (teste 5). No entanto, seus desempenhos excelentes em outros testes – 4º lugar (teste 2), 2º lugar (testes 4 e 6) e 7º lugar no teste 7 – teriam garantido a última vaga na classificação.
Portanto, nessas três semifinais, as performances menos favoráveis teriam sido compensadas pelas notáveis, já que o número de atletas é tão grande que não concentra os pontos em poucos atletas cima da média.
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