Assim como feito ano passado, decidi colocar os atletas brasileiros e brasileiras em outras semifinais para ver como teriam se saído. Em uma primeira análise, tirei a prova da corrida e verifiquei qual colocação mínima cada atleta deveria alcançar para conseguir a classificação, colocando um atleta por vez em cada semifinal. No caso, me preocupei apenas com as 3 maiores e mais disputadas: Europa (Eu), North America West (NAW) e North America East (NAE). A situação se mostrou bem encorajadora para os homens e os times, e não muito para as mulheres. Em um momento em que o sistema de ranking da CrossFit e a distribuição de vagas entre as semifinais se torna motivo de ataque, esse tipo de análise é essencial.
Para os homens, Guilherme Malheiros se classificaria nas 3 semifinais mais disputadas mesmo chegando em último na prova da corrida e não pontuando. Se retirássemos de vez a prova da corrida de todos, ele teria ganhado a semifinal da Europa, terminado em 2o na NAW e em 4o na NAE. Sem a prova da corrida, que é seu forte e que ele ganhou aqui na Copa Sur, Kalyan também se classificaria nas 3 semis. Se fizesse a prova da corrida, ele precisaria ficar pelo menos em 19o na NAW, 15o na NAE e em último na Europa, o que acredito que ele conseguiria com facilidade. No caso de Bruno Marins, ele se classificaria ainda melhor, ficando com um 4o lugar na Europa sem a corrida. Incluindo a corrida, ele precisaria de um 28o lugar na NAW, 23o na NAE e um último lugar na Europa. Tanto Bruno quanto Kalyan só sofreriam mais na classificação por causa de provas que pegaram seus pontos fracos, o front squat de Kalyan e o handstand walk exigido para Bruno.
Para as mulheres, a situação não foi tão animadora. Apenas Victória Campos teria chances de classificação na NAW e na Europa, se ficasse com um 8o ou 10o lugar, respectivamente. Infelizmente, nenhuma teria chances na NAE e nem Júlia Kato e nem Andréia Pinheiro conseguiriam a vaga nas semifinais mais concorridas.
Por fim, o time da Vittoria Centr1 Movimento teria se classificado em todas as semifinais se excluíssemos a corrida de vez, ou precisariam de um 14o lugar na NAW, 21o na NAE e 10o na Europa. Aqui na Copa Sur eles ficaram em 3o lugar e com as características do time, acho que não teriam problema em conseguir essas colocações fora. Por completude, analisei o time AR-1 CrossFit Mayhem Unity e o caso deles seria bem mais complicado, pois precisariam de um 3o lugar na NAW e um 2o na NAE. Não teriam chances de se classificar na Europa. Na Copa Sur, os atletas estavam doentes, vamos ver como se sairão nos Games.
Isso significa que o sistema de ranking funciona bem ou mal?
Bom, se analisarmos pelo lado masculino, merecemos sim a terceira vaga. Se analisarmos pelo lado feminino, poderíamos argumentar que não. Muito foi falado por que alguns conhecidos atletas ficaram de fora nas semifinais mais disputadas enquanto que o nível de semifinais como na Ásia e na América do Sul foi mais baixo. A análise mostra que isso só poderia ser argumentado no caso das mulheres. E ainda assim, é necessário fazer uma ressalva.
Analisando a colocação final nos CrossFit Games das 3 últimas colocadas dessas semifinais no ano passado, vê-se que a mais bem posicionada foi Paige Semenza em 18o lugar. Ela e Shelby Neal, que terminou em 19o, foram as únicas que ficaram no top 20. Nenhuma entrou no top 10. Ou seja, se o objetivo é de buscar os atletas mais bem condicionados, os “fittest on earth”, nenhuma dessas atletas mostrou que chegaria perto. Ah, mas as representantes sul-americanas também não, alguém poderia alegar. E estaria correto. Mas o impacto que isso causa no esporte, globalmente, mandar mais uma atleta sul-americana para ficar em 32o é bem maior que mais uma americana ou europeia para ficar em 18o. Todos os esportes buscam incluir atletas ou times do mundo todo em diferentes porções. Reclamar por ter ficado com 10 vagas ao invés de 11, em minha concepção, não faz sentido. Enquanto ajuda a desenvolver muito mais o esporte em outras regiões que passam de uma ou duas para três.