Desde que as categorias teens surgiram em 2015, essa foi a segunda vez que um atleta se classificou na categoria garotos de 14-15 anos. Desde 2016 com Thiago Félix, não tínhamos um atleta classificado e Miguel conseguiu quebrar novamente essa barreira. Contudo, essa seria a primeira participação de um brasileiro nessa categoria, já que Thiago não havia conseguido o visto. Contudo, Miguel foi mais um que teve seu sonho adiado por causa da pandemia e o cancelamento da competição presencial de Masters e Teens. Nós do HugoCross, contudo, fazemos questão de entrevistar não apenas ele mas todos os atletas classificados pois sabemos o quanto eles batalharam muito para chegar onde chegaram. E apesar de ter apenas 15 anos, os Games seriam a 3a competição internacional de Miguel, que já disputou o The Granite Games em 2018 e o Southfit Challenge em 2019 (ele chegou a se classificar para o Granite em 2019 e o Wodapalooza 2020, mas não foi por falta de financiamento pois tinha o olho nos Games). Conheça um pouco de Miguel Buzza Roo (e chore com os PRs de LPO dele).
Nome: Miguel Bueno Medeiros Buzza Roo
Qual afiliada você treina? Kronos CrossFit em Campinas e CrossFit SP
Há quanto tempo você treina o CrossFit? Desde 2015, 3 anos de CrossFit Kids e 2 anos de treino para performance
Qual é o seu benchmark favorito? O meu preferido é Amanda, snatch e MU
Qual é o seu ponto forte no CrossFit? Sem dúvidas ginásticos
Qual é o seu ponto fraco no CrossFit? Prefiro não responder…. 100% em desenvolvimento rsrsrs
Quais são os 3 equipamentos devem carregar objetos em sua mala de ginástica? Grip, munhequeira e joelheiras
Qual o seu PR de snatch? 97 kgs
Qual o seu PR de Clean and jerk? 121 kgs feitos no Age Group Online Qualifier
HC: A maioria dos atletas de elite da CrossFit tem um background esportivo. Você já começou o CF muito cedo. Você fazia esportes antes ou começou no CF? O espoerte sempre foi incentivado na sua família? Conte o início da sua vida no CF.
Fiz vários esportes, mas não me adaptei a nenhum, kkkk, teve alguns que eu fui “convidado a não fazer mais”, como judô, natação e futebol, fui uma criança que deu um pouquinho de trabalho…kkk Mas antes do Crossfit eu fazia tecido e trapézio no circo, acho que isso me ajudou demais nos movimentos ginasticos. A minha irmã sempre fez esportes e meu pai jogava basquete e fazia natação, já minha mãe viajava muito a trabalho, mas sempre me incentivou a praticar esportes. Conheci o CrossFit em 2015, eu tinha 10 anos. Na época abriu um box perto da minha casa e inicialmente meu pai começou praticar por problemas de saúde e minha mãe por curiosidade e acompanhar o meu pai . Eu fazia trapézio e tecido, mas com o tempo, comecei ir com eles nos auloes de final de semana e, com o tempo comecei definitivamente o CrossFit Kids, isso tudo aconteceu muito rápido em 2015.
HC: Qual o papel que a sua família tem ao seu lado nessa caminhada?
Não sou ninguém sem minha minha família, eles sempre me apoiam, me dão todo o suporte necessário e sempre estão ao meu lado. Toda vez que eu apareço com um projeto novo eles abraçam meu o meu sonho. Por questões financeiras, geralmente a minha mãe me acompanha nas competições internacionais. Ela é minha torcida, fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, me ajuda com as mochilas, ela me da todo o suporte nas competições. O meu pai sem palavras, é o CARA! Não sei se todos sabem mas ele é o meu pai de coração desde os meus 3 anos de idade. Ele é a minha referência. A minha irmã, Isa MRoo, já subiu o pódio do TCB categoria teens em 2018, ela
é a minha inspiração! Muitos acham que somos gêmeos, kkk, mas ela é mais velha, daqui alguns dias ela completa 19 anos.
A minha força vem da minha família.
HC: Conta um pouco como é a sua rotina de treinos diários, e como você tenta conciliar os treinos com a sua educação?
Moro em Paulinia e estudo em Campinas. Acordo bem cedo, 5:50 já estou de pé. Banho, café da manhã reforçado e as 7h30 já estou na aula. As 13h10 saio do colégio e almoço no box, por voltas das 14h30-15h começo os treinos da planilha de performance do Tiago Lopes. As quartas e quintas fico o dia todo no colégio, então só treino a noite. Geralmente após os treinos eu volto para casa, estudo a matéria do dia, janto e durmo.
HC: Ano passado você já teria se classificado se tivessem mantido os 20 primeiros colocados na categoria. Esse ano de fato você conseguiu a classificação. Conte o que mudou de um ano para o outro? Além obviamente da idade que na sua fase faz muita diferença.
Mudou o meu comportamento e a forma de pensar, sem contar o suporte técnico. Eu tinha muitas deficiências de base, agachamento, fortalecimento de core, o que me prejudicava. Porque eu tinha força mas não tinha a base inicial dos movimentos. Então quando conheci o Tiago Lopes, em julho do ano passado, ele focou nos movimentos de base comigo. Eu odiava wall ball, thruster, porque nao sabia agachar e por isso sofria demais.
HC: Como você se preparou física e mentalmente para enfrentar os desgastantes 5 dias de age group online qualifier? Qual foi a prova que mais gostou? Qual foi a que menos gostou?
Hoje quem me da todas as coordenadas e direcionamento da parte técnica é o meu coach Tiago Lopes. Sigo fielmente a planilha de performance que ele envia diariamente, geralmente aos finais de semana treino com ele em São Paulo. Quando recebemos os WODs do AGOQ analisamos e definimos as estratégias. Ainda tive muito suporte da equipe que cuida da minha saúde, o Richard Edwards, fisioterapeuta e quiroprata, O Kleberson Davide, massoterapeuta, ah inclusive ele já foi atleta olímpico de atletismo e me deu várias dicas durante o qualifier; o Carlos Paltanin, nutricionista, que orienta a minha alimentação desde que iniciei os treinos de performance e o meu médico Dr. Vinicius Mariano, nutrologo. Mentalmente a Débora Diegas, quase ficou o tempo todo me ajudando tirar o “macaco da minha cabeça” kkk ela trabalha muito o fortalecimento da minha mente. Pra mim o melhor WOD foi evento 4 BMU e T2B, eu adorei. O pior foi o evento 3, 100 burpees, affe. Mas agora na quarentena estou voando nos burpees, o Tiago passou desafio de 100 burpees todos os dias.
HC: A CF em um dia falou que tinha acabado de mexer no leaderboard o que deixou muitos felizes com a classificação inclusive você. No dia seguinte ela simplesmente notificou pelo Instagram que havia cancelado as categorias masters e teens. Como foi ir do céu ao inferno em menos de 24 horas?
Não foi legal acordar com a mensagem de cancelamento no IG. Achei estranho quando acordei os meus pais me olharam e perguntaram “está tudo bem Miguel?” Eu ainda não tinha visto o post. Mas depois fui entendendo que não adianta reclamar e ficar triste. Agora é olhar para frente e treinar muito.
HC: Você já havia participado de dois campeonatos internacionais antes: The Granite Games e o Southfit. Qual você mais gostou e por que? Qual a diferença dos campeonatos nacionais?
Difícil kkkk, gostei dos 2. Nos 2 campeonatos fiz amigos que mantenho contato até hoje. O Granite foi o meu primeiro campeonato internacional, acho que tenho um carinho maior. No Southfit sofri com o idioma, a arena era longe e tive dificuldade com transporte e alimentação. Qual a diferença dos campeonatos nacionais? Categoria individual participei das seletivas de TCB e não tenho do que reclamar, foi muito bom.
HC: Você ainda tem mais dois anos na categoria teens. Pretende tentar nesses dois anos? Quais são os planos de ataque a partir de agora? Algum outro campeonato internacional à vista?
SIMMM!!!! Vou tentar sim, o meu objetivo é ir ao Games! Foco total nos treinos, melhorar as deficiências e conseguir a classificação. Difícil dizer qual será o próximo campeonato com a pandemia. Mas eu quero muito ir no Wodapalooza, me classifiquei esse ano mas não consegui ir. Quero competir no Atlas, French Throwdown e novamente no Granite. Quem sabe o Southfit de novo também, k kkk… Quero ir em todos rsrs
HC: A sua classificação aos Games pelo menos te garantiu sua primeira vaga no TCB. Lá, você estará ao lado de atletas de até 17 anos. Quais são suas pretensões no TCB esse ano? (assumindo que ele vai ocorrer)
Quero subir no pódio TCB, não será fácil, os teens são muito bons. No Southfit a categoria também era até 17 anos, fiquei em 8° de 14 meninos, eu era o mais novo com 15 anos. Agora é treinar e evoluir.
HC: O que podemos esperar de Miguel Medeiros no futuro?
Quero aproveitar essa fase e competir muito, quero me desenvolver como atleta. O meu sonho desde pequeno é ser médico, pretendo fazer medicina. Mas tudo ao seu tempo.