Enquanto a pandemia não arrefece, se torna cada vez mais comum o número de perguntas que estamos recebendo no HugoCross sobre como voltar de forma segura ao CrossFit depois de ter se curado do COVID-19. Para tal, entramos em contato com a Dra. Hemuara Pestana ( @hemuara ) que, além de crossfiteira, trabalha ativamente em UTIs de COVID na cidade de Curitiba. Eis o que ela nos gentilmente escreveu:
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O retorno às práticas esportivas após a infecção pela COVID-19 gera muita insegurança. Foi pensando nos efeitos que a doença pode ter sobre o coração e pulmão, que a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicaram um documento com orientações de retorno seguro às atividades físicas que serve tanto para atletas quanto para esportistas recreativos e competitivos.
Em resumo, este documento orienta que o retorno deve ser bem gradual, independente da prática esportiva e gravidade da doença. Afinal de contas, mesmo casos assintomáticos podem deixar sequelas.
Apesar de ser pouco comentado, a COVID-19 pode sim deixar sequelas cardíacas. Logo, o ideal é passar por consulta médica para a realização de exame físico e eletrocardiograma – independente da gravidade dos sintomas. Caso o paciente possua alguma queixa ou achado de exame, o médico deverá estender a investigação com exames como ecocardiograma, teste de esforço ou teste cardiopulmonar do exercício.
Pacientes com casos moderados a graves e aqueles com comprometimento cardíaco documentado devem passar por um processo de reabilitação e reintrodução ao exercício físico assistido por equipe médica e treinador físico habilitado.
Após liberação pelo médico, a retomada aos exercícios físicos deve acontecer em etapas:
- Inicialmente a pessoa deve realizar atividades leves, como caminhadas, de uma forma fácil, sem que falte o ar e sem fadiga excessiva por aproximadamente 2 semanas.
- Passado esse período, sugere-se uma progressão a depender do condicionamento físico antes da COVID-19. Nessa fase, cada treino conta para que o paciente perceba o seu esforço para realizar uma dada tarefa. A pessoa não deve sentir que o exercício é extremamente difícil e, tendo isso em mente, deve progredir dia após dia na complexidade dos movimentos e na carga utilizada.
- No final de 4 semanas, o mesmo deve se sentir capaz de retomar ao seu nível de treinamento de base.
Qualquer sintoma como falta de ar excessiva, taquicardia, cansaço anormal e dificuldade de recuperação deve servir como sinal de alerta e imperativo de reavaliação médica.
No caso de uma doença desconhecida e que ainda acomete muitas pessoas, o ideal é não ter pressa e pecar pelo excesso.”
Dra. Hemuara Pestana
Formada em Medicina pela PUC-PR (CRM 39.523)
Especialista em Clínica Médica pelo Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (RQE 26.665)
Pós-graduanda em Nutrologia pela ABRAN