Chegou a hora de trazer a, até o momento mais longa história entre os seis brasileiros credenciados para CrossFit Games desse ano. Afinal de contas, mesmo sendo um atleta relativamente novo, Gui Malheiros possui um histórico de invejar. Aliás, ele até hoje foi o único brasileiro que foi capaz de brigar de igual para os americanos, canadenses e australianos dentro da modalidade. Porém, ele foi um atleta moldado para o esporte, talvez o primeiro de uma nova linhagem de ex-teens que começaram a despontar no cenário competitivo do CrossFit. Facilmente podemos dizer que ele abriu essa porta. Por isso, chegou a hora de falarmos dele. Acompanhe o nosso resumo:
Quem é Guilherme Malheiros?
Um começo bem estilo cometa de ser. Afinal de contas, ele entrou no CrossFit para melhorar no basquete, largou o basquete porque era melhor no CrossFit. Então apenas dois anos depois de seu início estava entrando nas arenas do CrossFit Games. Gui Malheiros estreou em 2017 na categoria teens já subindo no pódio. Porém, o que ficou marcado aquele ano foi seu snatch de 291 lbs (132kg) que lhe garantiu a vitória naquele evento entre os teens. Mais assustador foi que seu levantamento de peso, já o colocaria na 5ª colocação se estivesse na elite. Aliás empatado com Mat Fraser, o maior campeão de todos os tempos. Porém, o jeito descontraído de Gui e a maneira brincalhona lhe rendeu a célebre frase em sua entrevista após a prova: “I was big nervous but deu bom”.
Entretanto, o sucesso como teen em 2017 não refletiu imediatamente na elite em 2018. Após um Open ruim e uma lesão na lombar, Gui não entrou para os regionais em 2018. Mas o tempo mostraria que era só uma fase e tudo mudaria em 2019. Era o fim dos regionais, o passo logo antes dos Games e o início de uma nova era. Todos os campeões nacionais de todos os países onde houvesse o Open eram classificados. Ou seja, os atletas ganhavam o Open do seu país ou teriam que disputar uma vaga pelos campeonatos sancionados pelo mundo.
Em 2019 todos os campeões nacionais de todos os países onde houvesse o Open eram classificados. Ou seja, os atletas ganhavam o Open do seu país ou teriam que disputar uma vaga pelos campeonatos sancionados pelo mundo. Assim sendo, nesse cenário, o Open se tornaria essencial e Gui se tornando o campeão nacional de 2019. Dessa forma, se classificando para o seu primeiro Games na elite, com mais outros 140 atletas do mundo. Com tantos atletas nos Games, teria que haver cortes. Gui sobreviveu a dois cortes, mas na terceira prova, acabou saindo dos Games na 48ª colocação geral.
A volta mais forte de Gui Malheiros
Gui volta a ser o campeão nacional em 2020, mas a pandemia traz mudanças no cenários e mesmo na fase online, os campeões estavam fora e não poderiam competir. Mais uma vez Gui estaria fora dos Games e mais vez por apenas um ano. Em 2021, ano ainda com pandemia assombrando o mundo, Gui participa da semifinal da América do Sul na fase online, fica em segundo e garante sua volta à elite dos CrossFit Games. Em 2021 os Games voltariam a ter 40 atletas, mas ainda teria cortes. Cortes esses que não afetaram em nada o brasileiro. Afinal de contas, Gui fez um ano espetacular em 2021, finalizando os Games em 7º, o melhor lugar de um brasileiro dentro da competição e sem sombra de dúvidas o melhor desempenho da carreira dele, até o momento.
Mas não foi só isso que Gui conquistou em 2022, ele inaugurando uma séria de “primeiros”: (i) foi o primeiro Latino-Americano a ganhar um evento – no final, acabou levando 3 ; (ii) primeiro Latino-Americano a ganhar o premio de maior melhora devido à sua 7ª colocação esse ano; (iii) primeiro Latino-Americano a ficar no top 10 na elite dos Games e (iv) maior snatch já feito na elite igualando com o feito de Garret Fisher em 2017. Gui definitivamente deixou sua marca, tanto que chamou atenção de grandes nomes do esporte. Gui ainda teve uma aparição ainda mais forte nos EUA após participar da edição do Rogue Invitational e mostrar que as provas de explosão e força, eram de fato as suas facilidades. O brasileiro, único latino a participar do evento, finalizou na 5ª colocação geral.
A mudança de ares e o amadurecimento de Malheiros.
Poucos meses depois de seu desempenho histórico, Gui se muda para Cookeville, Tenesse, e treina sob o manto da CrossFit Mayheem, de ninguém menos que a lenda viva, Rich Froning. Em 2022 ele volta a competir na semifinal da América do Sul e conquista o sonhado primeiro lugar em Vitória-ES. Das 6 provas, ele ganha 3, fica com um 2º, um 3º e um 12º na última prova. Os Games de 2022 são de altos e baixos, com duas vitórias e um segundo lugar e ao mesmo tempo 2 provas na 30ª colocação e uma na 36ª. Contudo, sua regularidade nas outras lhe garantiu ainda um 10º lugar um belo pedido de casamento no final.
Gui, ainda nos EUA, retorna ao Brasil para o Copa Sur de 2023 e vê uma briga difícil na parte mais alta do leaderboard. Em um campeonato com apenas 6 provas, qualquer erro pode ser fatal. Infelizmente, seu resultado na primeira não foi bom e Kaique Cerveny e Kalyan Souza não deixaram muitos pontos na mesa para Gui roubar. Mais uma vez um ano fora dos Games para Gui Malheiros.
Dessa vez, em 2024, Gui não deixou dúvidas e nem mostrou nenhuma falha. Sua pior colocação na Copa Sur foi um 6º lugar. Se a história pode nos ensinar algo é que sempre que fica um ano de fora, Gui volta mais forte. Se voltar ainda melhor e mais forte que em 2021, seria esse o ano que veríamos um brasileiro no pódio?