Ele é tri-campeão do TCB: conheça Francisco Javier

Ele é conhecido por toda comunidade brasileira do CrossFit. Claro que ajuda quando se tem 3 regionais da CrossFit na conta e 5 pódios no TCB, sendo 3 deles no lugar mais alto. Mas Francisco Javier, ou mais popularmente Chiquinho, é conhecido também pela sua simpatia, animação e generosidade. Este Hugo que aqui vos escreve teve o prazer de entrevistá-lo pessoalmente e pude comprovar o que tanto falam. Mais que isso, fiz uma aula com ele na PAM CrossFit, em Paulínia, e pude ver que além de excelente atleta, também é um excelentecoach que é. Não é à toa que já teve até perfil de meme sugerindo seu nome para presidente do Brasil….Nessa entrevista que ele concedeu ao HugoCross, ele falou como começou no CrossFit, como ele vê o crescimento do esporte no Brasil e o que ele pensa do futuro dele e dos atletas! Confira a seguir!!!

 

 

Nome: Francisco Javier

Box que treina: PAM CrossFit

Tempo que treina CrossFit: 5 ano e 4 meses

Benchmark favorito: Cindy, faço 34 rounds

Ponto forte no CrossFit: Ginástico

Ponto fraco no CrossFit: Força

 

HC: Você praticou diversos esportes antes, como Judô, capoeira e musculação, mas como foi a migração para o CrossFit? Tendo em vista seu rápido crescimento no esporte, já tendo conquistado 3 vezes o TCB e participado de 3 regionais já no início da carreira, qual esporte acho que mais te ajudou na transição?

 

Chiquinho: Quando eu era criança teve esses esportes chaves que eu fiz e que me ajudou muito quando eu comecei o CrossFit. Na verdade eu digo que eu já praticava o CrossFit, vamos dizer assim.

 

HC: Separadamente…

 

Chiquinho: exatamente. Cada modalidade que eu praticava me ajudou numa capacidade do CrossFit

 

HC: E como foi a migração para o CrossFit. Como você conheceu o CrossFit?

 

Chiquinho: Eu estava no Chile…e eu tenho uma academia tradicional há mais tempo que eu treino CrossFit e eu estava procurando novas metodologias para a minha academia. Aí, de repente, eu estava no Youtube e encontrei o CrossFit e achei muito bacana. Quando eu voltei ao Brasil, que eu estava lá de férias, eu procurei CrossFit Brasil, falei vamos ver se eu acho alguma coisa, e achei a CrossFit Brasil que ficava a 200 metros do meu trabalho. Aí eu fui lá conhecer, conheci o Joel e lá eu descobri que tinha uma CrossFit em Jundiaí. Eu sou de Jundiaí e aí começou tudo.

 

HC: E de todos os esportes que você praticou qual você acha que te ajudou mais? Se você tiver um filho e for colocar ele num esporte, qual você colocaria?

 

Chiquinho: Eu acho que são fases….tudo me ajudou. Se eu tirar qualquer um deles, eu tiro um pedaço de quem eu sou. O judô, quando eu era pequeno, me ajudou muito na parte de força. Força de resistência, resistência muscular, resistência cardio-respiratória. Para uma criança, é um trabalho de musculação, digamos assim, o judô. Quando eu fiz capoeira, toda essa parte de coordenação motora, lateralidade, agilidade, velocidade. A parte da musculação, essa parte de força, da hipertrofia me ajudou demais. Eu fui influenciado pelo meu pai. Quando eu era pequeno eu via ele correndo. Então eu queria crescer e correr. E aí eu começava a correr.

 

HC: A diferença….eu quando cresci via meu pai comendo.

 

Chiquinho: (Risos) Eu via meu pai correndo. Hoje eu corro e meu pai não corre mais. Sempre gostei de andar de bicicleta, eu ia para a faculdade de bicicleta. Então tudo isso me ajudava. Me ajudava muito muito muito. Então eu não posso tirar algo. Então qual seria o caminho que eu traçaria para meu filho? Muito parecido com o meu. Pode ser que eu colocasse ele numa aula específica de natação, de ginástica artística…por que eu acho que é muito rico em movimento.

 

 

HC: Como se tornou o primeiro tri campeão do TCB, e dado o rápido crescimento do CF no Brasil dos últimos anos, você se tornou uma referência do esporte no Brasil. Como vc encara isso e o crescimento atual? Acha que estamos longe ainda de estabilizar? Acha que o crescimento tá sendo acompanhado de perda de qualidade?

 

Chiquinho: É que assim…essa sua pergunta tem vários lados. Eu acho que de uma maneira positiva é muito bom pelo número de praticantes, pelos boxes…para tirar realmente a pessoa do sedentarismo, vamos dizer assim. Mas eu também vejo um lado negativo, principalmente com essa precocidade competitiva. Pessoas que estão treinando há um mês já estão numa competição. A competição, eu sempre falo para o pessoal, não tem dó de você. É aquele padrão de movimento e ponto. Acabou. Você sabe fazer, é aquilo. Você não sabe fazer, é aquilo. E já era. Isso me preocupa um pouco. Então o próprio praticante, eu não vou nem falar atleta, o próprio praticante e coach tem que ter esse discernimento de quando dar o próximo passo. Por que se não vem aquele negócio de CrossFit machuca.

 

HC: Você acha que o número de boxes ainda será muito grande ou você acha que estamos estabilizados, pelo menos em alguns centros?

 

Chiquinho: Eu acho que a tendência é ainda crescer um pouco. Quanto? Não posso te falar. Não sei. Mas tem crescido muito. Já somos o segundo país com o maior número de boxes no mundo. Isso é muito importante. E pelo tamanho do Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, eu acho que a tendência é crescer bastante. E melhor que crescer bastante a modalidade, é a qualidade perante a isso. Quanto mais locais e o tempo de estudo que a gente está tendo, vai melhorar ainda mais as aulas que é o principal.

 

HC: Como que é a sua rotina de treino semanal? Você faz dois treinos diários….?

 

Chjiquinho: É o objetivo agora. Voltar com essa rotina de duas sessões de treino. Mas às vezes não tem como eu fazer duas sessões. Ser atleta é apenas uma porcentagem do que eu sou. Como eu falei, eu tenho uma academia há mais tempo que eu treino CrossFit, então eu sou empresário….eu tenho que lembrar que eu sou tio….tenho que lembrar que eu sou filho. Não namoro agora mas eu namorava, então tinha que lembrar que eu era namorado. Eu tenho que fazer uma programação onde de 7 dias da semana, eu treine 5. Então pode ter dias que tenha duas sessões e pode ter dias que não. Depende do que eu planejei para isso.

 

HC: E trazer a Anita Pravatti, sua amiga de graduação, foi ideia sua? Ela falou que veio ´para a PAM por sua causa.

 

Chiquinho: Tem um grande nome aí que ele não se dá os méritos. Mas o nome dele é Leandro Soldera, proprietário aqui da PAM, e ele é um visionário. Ele queria mostrar a PAM para o Brasil e trouxe o Chiquinho. Então eu tinha umas funções, ele me queria como professor para atingir todos os alunos, ele queria uma coordenação, ele queria um atleta e no meio de tudo isso surgiu o nome da Anita. Para compor o nosso time, para futuros planos….novas unidades? A gente precisa criar um time forte. A Anita já estudou comigo, conheci ela antes do CrossFit, vamos dizer assim, e então deu certo, né? De ela ter uma família aqui, de eles estarem em Brasília mas querer voltar, e deu certo dela querer trabalhar com a gente.

 

HC: E ajuda ter uma pessoa como a Anita treinando junto? Vocês chegam a treinar juntos?

 

Chiquinho: É que é assim, seria muito melhor se a gente fizesse o mesmo treino. Mas a gente não faz o mesmo treino. Só ter a presença já é algo bacana para você não estar sozinho. Já ajuda demais, vamos dizer assim. Mas se a gente fizesse o mesmo treino com certeza seria muito mais produtivo.

 

HC: Ah sim, por que o treinador dela é de Brasília…

 

Chiquinho: exatamente, ela faz o treino como Bernardo, de Brasília, e eu faço toda a minha programação.      

 

HC: Por falar em Anita, hoje temos 7 mulheres classificadas nos regionais, 5 homens e 2 times.  Além disso bateremos recorde de brasileiros no Games com 4 esse ano, 2 adolescentes e 2 masters. Você acha que o nível aumentou assim no Brasil por que? Por que cresceu bastante…

 

Chiquinho: Siiiiim…aí tem um detalhe. Outro dia eu fiz um comentário que, quando eu comecei, a estrada era de terra e cheia de pedras. Hoje está tudo asfaltado bonitinho, vamos dizer assim. Hoje um garoto com 3 meses de treino já está fazendo um snatch com 80 kgs bonito, com técnica. Por que? Por causa do conhecimento. Por causa dessa disseminação do CrossFit. Antes para a gente fazer 80 kgs era quase sem técnica e tinha que buscar conhecimento onde? Não tinha um especialista para nos ajudar. Hoje tem. Ainda bem. Cresceu demais em relação a isso. Fora isso os especialistas. Acho que o CrossFit deu grande credibilidade para os especialistas na área da educação física, especialista em ginástica, especialista em levantamento de peso, em endurance. E também para a área da saúde, nutricionista, médicos com especialização em nutrólogo, clínicas, suplementação, tá tudo ficando um pouquinho mais profissional. O pessoal tá dando um passo em direção a essa parte competitiva. E isso tem total influência também nos resultados de hoje.

 

HC: O que podemos esperar de Chiquinho no futuro? E o que podemos espera do Brasil no futuro no esporte?

 

Chiquinho: Imagina que eu há 5 anos continuo com o mesmo objetivo. Eu nunca pensei em ser atleta de CrossFit. Foi uma consequência. Eu me apaixonei por ser atleta. E eu só tenho um objetivo, dar o meu melhor possível. Se o meu melhor possível for ser campeão, bicampeão, tricampeão, tetracampeão, eu serei. Só que eu tenho que procurar me superar. Eu procuro não ficar de olho nos outros com o foco: eu preciso ganhar daquela pessoa. Eu só preciso ganhar de uma pessoa, de mim. E se eu conseguir me superar eu tenho certeza que eu consigo mais pódios. Eu como atleta tenho muita lenha para queimar ainda. Eu tenho 30 anos e eu tento procurar passar para essa garotada nova que tá chegando essa experiência a mais, essa paciência por resultado. Por que muitos garotos que estão iniciando, são novos e tão muito bons…mas e aí? Tem um que tá machucado, tá com tendinite, tá com o ombro machucado…eu tenho 30 anos. Você quer chegar com 30 anos de que maneira? Eu quero treinar até os 90! E você? Então qual é a vida útil de um atleta? Então eu como atleta pretendo continuar competindo sempre. Eu como coach? O resto da vida, vamos dizer assim. Eu acho que o CrossFit no Brasil ele vai crescer muito ainda. Muitos nomes surgirão. Alguns antigos vão permanecer no topo. Alguns vão sumir. É natural isso do esporte. Mas a gente não pode tirar o mérito de quem realmente ajudou a construir isso desde 2010.

 

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