Baby Boom no CrossFit?

Estamos vivendo uma época de baby booms no CrossFit? Não posso afirmar que as mudanças nos CrossFit Games são responsáveis por isso. Até por que atletas com múltiplas aparições nos Games como Stacie Tovar e Emily Bridgers se aposentaram em 2017 e 2018, respectivamente, e se tornaram mamães também. Mas, provavelmente para algumas outras atletas, as mudanças influenciaram ou fizeram antecipar um projeto.

Um pouco após o anúncio das mudanças, Kara Saunders (antiga Kara Webb) anunciou a sua gravidez e que estaria fora da temporada dos CrossFit Games 2019. Em Outubro do mesmo ano, nem 6 meses completos do nascimento da filha, a atleta já estava competindo no Open e garantindo a sua vaga aos Games 2020. Kara sempre foi uma atleta de impressionar a todos com 7 participações nos Games e um 2º lugar em 2017. Ela, quase 9 meses após ter virado mãe, ganhou o seu primeiro sancionado, no último final de semana no Australian CrossFit Championship.

Cassidy Lance-McWerther também anunciou que ficaria de fora dos Games em 2019 para se dedicar integralmente a ter um filho com sua esposa. Cassidy demorou um pouco mais a engravidar e, agora no 5 mês de gestação, também está fora da temporada 2020.

Annie Thorisdottir recusou o seu convite aos Games em 2020 após um segundo lugar no Open de Outubro de 2019. Ela anunciou que estava grávida de seu marido, o também atleta Games Frederik Aegidius. Ainda não está confirmado se ele também não tentará sua ida por um sancionado.

Por fim, agora foi a vez da Camille Le-Blanc Bazinet, campeã dos Games em
2014, de anunciar que está grávida de seu coach e marido Dave Lipson. Ou seja, também ficando fora da temporada 2020. Vale lembrar que Camille competiu ano passado por equipes ficando com a segunda colocação no campeonato.

Começo a pensar que eles estão fazendo isso com o desejo de que todos os
filhos compitam juntos daqui há 14 anos na categoria teens. O que você acha? Seria interessante, no mínimo! Contudo, nem tudo podem ser flores nesse meio.

Como ficam os patrocínios?

De forma geral, as mulheres costumam sofrer mais para garantir patrocínios do que homens. Em um depoimento para o CrossFit Journal em 2015, Elizabeth Akinwale, que na época tinha disputado seu 4o CrossFit Games disse o seguinte

“Compartilho patrocinadores com algumas mulheres que nunca fizeram
nada atlético. Eles treinam … e publicam muitos vídeos de seus decotes e
outras coisas, e o ângulo da câmera subindo em direção à bunda, mas não são atletas de sucesso … Então, enquanto eu entendo, é meio frustrante. … Existem homens (no CrossFit) patrocinados por que são basicamente gostosos? Não consigo pensar em nenhum.”

Claro, alguns podem argumentar que evoluímos muito de 2015 para cá. Que isso não acontece mais. Será mesmo que não? Agora imagina que essas atletas ainda engravidam e, portanto, ficam fora de competições. A Nike sofreu bastante em 2018/2019 depois que veio a público que ela ameaçou suspender o patrocínio a uma atleta olímpica, Alysia Montaño, de corrida,
se ela não voltasse para competições. Isso fez com que ela retornasse antes do tempo inicialmente previsto. Ela não foi a única. Após isso, ela foi seguida pelo relato de outras atletas nesse sentido também com a Nike.

Contudo, algumas coisas parecem sim estar evoluindo. Kara Saunders não teve problemas com a Nike ao anunciar publicamente sua gravidez em 2019. Ela comunicou que a Nike honrou todos os compromissos durante o período. A empresa de hidratação Nunn, em seu contrato com Annie Thorisdottir, tem uma cláusula que protege a atleta caso ela engravida. A época, Annie não estava grávida.

Enquanto a sociedade progride, é de se esperar, ou pelo menos torcer, que
essas diferenças no patrocínio de mulheres/homens no esporte diminuam e que elas sejam tratadas com o mesmo respeito e consideração que eles.

 

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