Racismo. CrossFit. Greg Glassman

ATENÇÃO POST EDITADO

Estamos vivendo uma época confusa com essa pandemia sobre nós. O assassinato de George Floyd trouxe ainda mais uma situação para nós. Trouxe luz ao problema de racismo estrutural ignorado por muitos. Alguns importantes nomes do esporte, como Ben Bergeron (@benbergeron), coach de diversos atletas como Katrin Davidsdottir, fez um vídeo chamando a atenção de que ele não estava ciente de que racismo ainda existia e que como o movimento foi importante para abrir os olhos dele.

Sim, o racismo ainda existe e está vivo dentro da comunidade do CrossFit. Na segunda-feira, em um chat de atletas, a atleta dos CrossFit Games Jessica Griffiths aparentemente usou a palavra Nigger, que é considerada uma ofensa racial grave na língua inglesa. Chandler Smith (@blacksmifff) teria reclamado e ela acabou sendo defendida pelo que consta pelo também atleta Games Travis Williams (@travismwilllliams) chamando-o de pussy por ter se ofendido. Essa conversa vazou e a reação foi imediata. Jessica deletou seu Instagram e Travis teve que se desculpar publicamente. Contudo, ambos foram desligados do MisfitAthletics (@misfitathletics), que não só tem uma periodização online do qual eram atletas, mas que também tinham contratos de marketing com eles e faziam parte da equipe.

Mas quem mais causou furor na internet foi Greg Glassman, dono e fundador da CrossFit, em seu recente posicionamento tanto com a reclamação de um box que pediu a desfiliação, quanto com a resposta num tweet. Em um e-mail que informava a desfiliação, a antiga Rocket CrossFit, afiliada desde 2011, lista os diversos motivos da desfiliação. Dentre eles, o fato da CrossFit não ter se posicionado sobre o movimento BLACK LIVES MATTER. Em uma resposta de e-mail extremamente grossa e mal-educada, Greg Glassman usa argumentos desrespeitosos contra a dona da afiliada relacionado ao assunto.

Por fim, ao responder uma postagem no Twitter do diretor do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação que dizia que o “Racismo é um assunto de saúde pública”, Glassman faz pouco da situação ao responder “É o Floyd-19”. Com isso ele usa o nome de George Floyd, associado ao da doença que nos aflige, a COVID-19, para responsabilizar o que ocorre hoje. Esse tweet postado pelo Morning Chalk Up (@morningchalkup) já está gerando muitas reações, algumas pedindo inclusive que os boxes se desfiliem ou que Glassman se afaste.

Nós do HugoCross gostaríamos de reafirmar que silêncio nesse caso é estar sim do lado do opressor. Que racismo é estrutural e deve sempre ser combatido.

Anteriormente havíamos dito que a CrossFit não havia se posicionado. Pois erramos. Em um post no Facebook, eles disseram o seguinte:

“Esta é uma comunidade diversificada. CrossFit nos reúne. Apesar de todos os desafios, complexidades e injustiças que enfrentamos como grupos e indivíduos, temos a oportunidade de encontrar formas de crescer juntos.

Temos estado e estamos a ouvir ativamente ao telefone e pessoalmente, a ler comentários e a pensar crítica e a ter discussões desconfortáveis sobre injustiça, racismo e todas as formas de ódio.

Os membros desta comunidade sentem-se negligenciados, deixados de fora, presos e magoados. Alguns estão isolados, revoltados e confusos, enquanto outros procuram ativamente formas de efetuar mudanças reais. Estamos a ver-te. Nós ouvimos você.

Estamos aqui para continuar esta conversa e para ouvir antes de falarmos. Este é um espaço para vocês compartilhar em conversas construtivas, para aprenderem uns com os outros e oferecer sugestões sobre como poderia ser a mudança.

Nosso objetivo é permitir que suas vozes sejam ouvidas, se unam atenciosamente e respeitosamente para uma troca significativa de ideias. Por favor, junte-se a nós.

O que podemos fazer para melhor servir a Comunidade Negra em CrossFit?”

Além disso, 18 horas após Greg Glassman posta uma reposta ao seu tweet do “Floyd -19”. Pelo que pudemos compreender dos argumentos, a ideia de Glassman era de fato atacar a instituição, ao dizer que seus modelos usados para a COVID que trouxeram a quarentena estariam incorretos e pergunta se usariam esse mesmo modelo para o racismo. Pelo que entendemos, usariam o modelo para a doença Floyd-19. Ele alega que em todas as épocas que teve quarentenas houve protestos e protestos violentos. Não sabemos se ele quis consertar algo que foi mau entendido após a grande repercursão ou exatamente o que pensa (e isso nunca poderemos saber). De qualquer jeito, consideramos que sua reposta foi, no mínimo, de mau gosto.

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