O provérbio árabe “a palha que quebrou as costas do camelo” refere-se como uma ação aparentemente pequena (adição de uma palha) pode causar uma reação imprevisivelmente grande e súbita (lesões), devido ao efeito cumulativo (carga de feno). No interessante artigo publicado por Gabbett et al., (2018) ele traça essa perspectiva para um ambiente desportivo, onde “camelo” é o atleta, a “carga de feno” representa a máxima carga de trabalho que o atleta pode tolerar com segurança (capacidade de carga) e a “palha adicional” representa a sobrecarga no treinamento que resulta em lesões (capacidade excedida). As qualidades biológicas inerente do camelo (por exemplo, idade, força e assim por diante) irá determinar a sua capacidade cumulativa de transporte da palha.
O que isso quer dizer? Por exemplo, o workout Atalanta possui um volume de 2 milhas, 100 HSPU, 200 pistols e 300 pull-ups, o que o atleta/aluno e o seu treinador deverá refletir é se o volume do workout (seja ele qual for) irá ultrapassar a capacidade tolerável de carga (carga de feno), caso a carga tolerável do atleta sustente esse workout e se irá trazer algum benefício para o seu desenvolvimento atlético é pouco provável que existam consequências negativas. Por outro lado, se a carga tolerável do atleta está muito abaixo desse volume de repetições o atleta/aluno e seu treinador poderá adaptar o WOD reduzindo o volume e a intensidade (por exemplo, sem colete e prescrito na PSE 5-6).
Além disso, outros fatores como idade, nível de aptidão física (força, resistência muscular localizada e cardiovascular) podem estar associadas a tolerância de um incremento na carga de treino, ou seja, pessoas mais condicionadas e mais jovens sofreriam menos com esse incremento da “palha”, no caso o volume de repetições.