A startup brasileira, Gympass, se tornou um “unicórnio” em 2019. Assim são chamas as startups avaliadas em mais de um bilhão de dólares. Para quem não conhece, a plataforma faz a ligação entre empresas, funcionários e academia. A ideia é que as empresas financiem parte do valor da mensalidade, o funcionário pagaria outra parte e ele poderia ir a qualquer empresa que aceitasse o Gympass dentro do plano que escolhesse. Um exemplo, um usuário Gold, costuma pagar R$199,00 , e pode treinar em academia que cobram até um pouco mais de R$300,00. Por isso, rapidamente, a plataforma cresceu e muitos lugares passaram a aceitar o Gympass. Os boxes de CF inclusive, pois como a mensalidade é mais alta que nas academias tradicionais, permitiu que muitos alunos com esse benefício da empresa iniciassem a modalidade. Isso sem contar aqueles funcionários que viajam com frequência e podem usufruir no país inteiro de lugares que aceitam o Gympass.
Mas nem tudo são flores nesse negócio. Durante a pandemia já houve um grande desentendimento quando os boxes ofereceram aulas em casa online, mas o Gympass se recusou a repassar os valores pois não estavam usando o ambiente em si. E mais, ainda lançou sua própria plataforma de treinos online. Nós do HugoCross chegamos a fazer uma live com eles esperando mediar a situação. Sem respostas específicas e com promessa de nova discussão – que nunca ocorreu – a live acabou sem muitos frutos.
A nova polêmica envolve uma mudança de planos de diversos boxes de CF, decididos unilateralmente pela própria empresa Gympass, mesmo que a mensalidade do box não tenha sofrido qualquer alteração. Muitos donos me enviaram cópias de e-mails em que eles notificam que estão alterando a categoria do box – geralmente de Gold para Gold+. Caso o dono do box não aceite a mudança, os valores repassados para o box seriam reduzidos. Tanto o valor por diária, quanto o valor máximo de repasse (que ocorre após o 13o check in no mês no mesmo local). A redução, em alguns casos que tivemos acesso, era de aproximadamente 10% do valor atual. Contudo, aparentemente pelo e-mail enviado, se o box mudasse de categoria para uma superior, ele receberia o mesmo valor que recebe atualmente. A única questão é que, para o usuário, o aumento de Gold para Gold+ pode chegar a mais de 130 reais mensais.
Como muitos boxes dependem fortemente da receita vinda dos usuários de Gympass, a situação se tornou complicada. Ainda mais com a falta de comunicação da empresa, tendo em vista que o Gympass disponibiliza apenas comunicação por e-mail, que nem sempre é ágil. Fora o fato de que, mesmo antes do prazo final para o box decidir se alterava seu plano ou não, o aplicativo do Gympass já notificava no momento do check in do aluno que aquele lugar mudaria de categoria para Gold+ ou algo acima do plano atual causando um certo pânico entre os alunos. Também não ficou claro em nenhum momento porque isso ocorreu em apenas alguns lugares e não de forma uniforme com todos que tinham a mesma mensalidade.
Indagamos o Gympass sobre todos esses pontos e recebemos a seguinte declaração como resposta (após passarmos por 3 funcionários diferentes e tendo eles solicitado uma extensão de prazo):
“O Gympass tem como principal missão tornar o bem estar universal, e faz isso através da promoção dos programas de saúde e bem estar corporativos, criando um ecossistema que inclui empresas, academias e usuários.
Com a finalidade de maximizar o número de novos usuários e manter a sustentabilidade desse ecossistema, o Gympass atua no posicionamento da oferta de serviços, porém dando o direito de escolha final ao parceiro, que pode optar por um plano de maior volume de usuários e margem absoluta, ou menor volume com maior margem unitária. Nossos canais de atendimento estão disponíveis para esclarecer dúvidas dos parceiros por meio do e-mail [email protected] ou site https://help.gympass.com/”
Retornei à funcionária do time de PR de Gympass que essa declaração não satisfazia todas as indagações feitas a Luiz de Queiroz, que me procurou se identificando como Head de Comunicações do Gympass para a América Latina. Contudo, ela me comunicou, após checar, que essas seriam as informações que teriam para compartilhar. Um possível papo com Samir Ballarini Zetun, Global VP Partnerships no Gympass, foi considerado, mas nada de real firmado ainda.
Não cabe aqui, ao HugoCross, julgar a empresa ou o box que está ligado ao Gympass ou não ou qual a decisão que foi tomada. Mas tendo em vista a polêmica, as confusões criadas, a falta de comunicação e visando sempre o bem da comunidade, cabe relatar a todos os usuários e donos de boxes os acontecimentos. Em especial porque muitos dos donos pediram sigilo com medo de retaliação da empresa. Algo que eles consideram norma. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…