O interesse do mundo dos esportes pelo CDB

O uso da cannabis medicinal aparece na história da humanidade há muito tempo, porém com o seu uso recreativo difundido na década de 60, em 1961 esta passou a ser uma substância proibida. Por muitos anos, ela desapareceu do meio científico e em meados de 1990, voltou-se a discutir sobre seus fins terapêuticos. Quando se trata de cannabis medicinal, discute-se muito sobre o CBD e o TCH.

O Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC) são dois compostos químicos encontrados na planta Cannabis sativa. Apesar de compartilharem a mesma origem, essas substâncias possuem efeitos e propriedades distintas.
O CBD é um dos principais compostos não psicoativos presentes na planta. Ele interage com o sistema endocanabinoide, que está envolvido na regulação de várias funções, como sono, apetite, dor e sistema imune.

Já o THC é o composto psicoativo mais conhecido da Cannabis. Ele se liga aos receptores do sistema endocanabinoide no cérebro, produzindo uma sensação de euforia e relaxamento. Porém, mesmo com o seu efeito psicoativo conhecido, é possível encontrá-lo nos produtos com fins terapêuticos em concentrações muito pequenas (0,1-0,2%), com intuito potencializador de ação.

Ao produzirmos um produto derivado da Cannabis sativa, extraímos da planta todos os fitoquímicos presentes (incluindo o THC), produzindo, assim, o chamado efeito entourage, que demonstra na prática clínica uma maior eficiência em decorrência do efeito comitiva de todos os canabinóides em conjunto.
O interesse no CBD no mundo dos esportes se dá por diversos motivos, entre eles:

  • Recuperação muscular: O CBD tem propriedades antioxidantes que podem auxiliar na recuperação muscular
  • Analgésico: pode modular a dor, o que é especialmente útil para atletas que estão se recuperando de lesões
  • Anti-inflamatório: pode reduzir a inflamação corporal, auxiliando na recuperação e desempenho geral
  • Relaxante: pode melhorar a qualidade do sono, o que é crucial para a um bom rendimento esportivo

Atualmente, o CBD não entra na lista de substâncias proibidas da WADA e o seu uso é permitido. Porém, todos os outros canabinoides, incluindo o THC, são proibidos para testes realizados em competição. Entretanto, é muito difícil extrair apenas o CBD da planta Cannabis. Por isso, a grande maioria dos produtos de CBD comercializados conterá uma mistura de substâncias derivadas presentes naturalmente na planta, principalmente o THC, que é proibido e, a partir de uma certa concentração, poderá ser reportado como um Resultado Analítico Adverso (RAA). Além disso, outros canabinoides da Lista Proibida não têm limite de notificação, ou seja, qualquer quantidade detectada na amostra de um atleta será considerada um RAA, e o atleta pode ser sancionado por isso.

Dra. Hemuara Pestana 
@dra.hemuara
Formada em Medicina pela PUCPR
Especialista em Clínica Médica pelo Hospital Universitário Evangélico Mackenzie
Pós-graduada em Nutrologia pela ABRAN

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