Entrevistamos o levantador olímpico Fernando Reis

Ele detém todos os recordes Brasileiros e das Américas no levantamento de peso na categoria +105 kgs. Num esporte até pouco tempo desconhecido no Brasil, ele se tornou profissional. A um ponto que conseguiu o 5o lugar nas olimpíadas do Rio em 2016. Fernando Reis é um monstro no Levantamento de Peso Olímpico e concedeu uma entrevista para o HugoCross! Veja a seguir:

 

HC : Vamos começar matando a curiosidade de todos: qual o seu recorde pessoal de arranque (Snatch) e arremesso (clean and Jerk)?

FR: 200 – 240

HC: Como você começou nesse esporte de levantamento de peso olímpico? Não é algo comum no Brasil…ou não era!

FR: Minha família é sócia do Esporte Clube Pinheiros há 40 anos. Eu e meus irmãos, praticamente, nascemos no Esporte Clube Pinheiros. Nós crescemos no clube e meu irmão mais velho (Coach Horacio) estava treinando Levantamento de Peso Olímpico no Pinheiros. Eu ia assistir os treinos dele e ele sempre dizia “Sai fora moleque, aqui não é lugar de criança!”. O técnico na época era o Edmílson Dantas e ele me convidou para fazer um teste. Eu tinha 11 anos de idade. Desde esse dia eu nunca mais parei de treinar Levantamento de peso .

HC: Quem você admira mais no esporte? Quem considera seu ídolo? E qual escola de LPO você segue? Aqui no Brasil você sempre foi treinado pelo Cubano. Quando ganhou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos, como isso afetou seu treinamento? Como o LPO é encarado lá?

 FR: No Levantamento de peso eu admiro Evgine Chigishev, Kurlovich entre outros pessistas da geração antiga. como ídolo na área esportiva eu tenho o Ayrton Senna, que além de um grande atleta foi uma grade pessoa. Eu no momento sigo a minha escola, já treinei e passei por todos os métodos possíveis, e posso lhe afirmar que a maioria das escolas seguem o mesmo padrão de trabalho, o resto é marketing e conversa fiada pra vender. Através do LPO eu recebi o convite de estudar em Saint Louis no Missouri, onde eu me formei em Business Administration, aqui nos estados unidos o LPO é usado como base para todos os esportes. Minha faculdade contava com um ginásio com mais de 40 plataformas, onde quase todos os estudantes treinavam ou faziam algum tipo de trabalho relacionado ao LPO. 

HC: Você tem um centro de treinamento em São Paulo que carrega o seu nome que, entre outras coisas, tem CrossFit. Você acha que a popularização do CrossFit tem feito bem também para o LPO? E como é seu novo centro em Miami?

FR: O crossfit trouxe vida para o LPO, as pessoas começaram a entender melhor o esporte e se apaixonarem pelo mesmo. Quando eu comecei a praticar com 10 anos de idade, não existia quase nenhuma academia que se podia treinar. Hj posso viajar para qualquer estado do Brasil e posso treinar LPO, sempre vai ter uma box perto. Isso é animal. Meu novo centro em Miami é especializado em LPO, nós temos também streagth and condition para atletas profissionais. 

HC: Você recentemente participou de uma competição do wodapalooza bem diferente do que está acostumado! Uma competição um a um (face off)  com resultado dado pelo coeficiente sinclair. Bem diferente do que está acostumado! Como foi essa experiência? 

 FR: O wodapalooza foi uma experiencia bem diferente e bacana, minha academia fica 5 minutos do bay front. Então eu pensei porque não participar? Competir pela sinclair não foi nenhum problema já participei de outros campeonatos com o mesmo formato, o que foi diferente foi os 4 rounds. Isso desgastou bastante mas foi bem bacana, sempre estou aberto a novos desafios. 

HC: Em 2017 você ficou de fora da possibilidade de medalhas dos jogos Pan Americanos, apesar de ser o recordista dos jogos, numa situação você considerou política da confederação brasileira de levantamento de peso. Como que você se relaciona hoje com a CBLP? O que você pensa sobre o futuro do esporte no país?

FR: Meu relacionamento com a CBLP é profissional. Eu procuro sempre fazer o meu melhor e, independentemente dos dirigentes que lá estão, sempre expressarei minhas opiniões. O esporte no país está perdido, infelizmente não existe gestão no esporte, todas as ações são feitas para o benefício do gestor, as confederações pelo menos a grande maioria é utilizada como cabide de emprego, onde o recurso publico é utilizado de maneira irresponsável para não dizer outra coisa. Caso não haja mudança não vejo esperança. Fico feliz de ver os eventos de crossfit realizados no Brasil, são tão bem organizado, patrocinadores, visibilidade, senso de comunidade espirito esportivo. 

HC: Para este próximo ciclo olímpico até Tóquio, quem você acha que devemos ficar de olhos bem abertos no Brasil?

HC: O que podemos esperar do Fernando Reis no futuro competitivo? Ainda há muitos recordes a serem batidos? Quanto tempo ainda você pode se considerar competitivo?

FR: Me sinto saudável para quebrar recordes, irei continuar ate o que meu corpo e mente me permita. Quero trazer uma medalha olímpica para meu pais. 

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