Um Herói improvável: A história de Cilas Oliveira
Quando crianças devorávamos incessantemente revistas em quadrinhos e víamos filmes de heróis e heroínas e queríamos ser como eles. Fortes, rápidos, cheios de super poderes….invencíveis. Mais recentemete, vemos os filmes de heróis da Marvel, da DC e vibramos com cada conquista deles na luta constante contra o mal. Mas isso tudo é invenção. Existe no imaginário.
Na vida real, superheróis não usam uniformes, nãos escondem identidade e não tem super poderes. Na vida real, eles são aqueles que superam muito mais do que qualquer um de nós poderia suportar. Essa é a história de um menino que superou muita coisa e se encontrou, ou tenha talvez encontrado o seu futuro, no CrossFit. Essa é a história de Cilas Oliveira. 17 anos. Atleta.
Nascido em 2001, na cidade de Itaobim, norte de Minas Gerais, Cilas já teve que lidar com a pobreza e as dificuldades que ele e sua família passavam. Ele, sua mãe e seu irmão moravam com a sua tia, que ainda tinha mais duas filhas para criar. Seu pai trabalhava como pedreiro em São Paulo e ele só o foi conhecer mais tarde, com 7 anos de idade.
A situação, contudo, se tornou ainda mais complicada quando, aos 9 anos de idade sua mãe foi assassinada a tiros. Ela havia, infelizmente, se envolvido com o tráfico de drogas. Cilas e seu irmão mais velho agora estavam sozinhos e sendo cuidados por sua tia, Maria Vildete. De acordo com o próprio Cilas, mesmo com a situação complicada que eles se encontravam, sua tia nunca deixou de cuidar dele. Ele tinha problemas respiratórios quando criança e ela passou noites sem dormir com ele no hospital. Às vezes até mesmo sem comer por que não tinha condições.
Aos 11 anos de idade, Cilas e sua família se mudam para Divinópolis, onde estão até hoje, buscar uma melhor qualidade de vida. Foi lá que Silas começou a se interessar pelo esporte: “Meu irmão foi o cara que me levou para o esporte, pagou minha primeira academia, meu primeiro suplemento e deu uma base para ser o homem que sou hoje.” Lucynara, sua professora de educação física, também percebeu o seu talento para o esporte. Ela sabia que ele gostava de academia, sugeriu o CrossFit e o levou até a Mutação CrossFit para uma aula experimental no final de 2016. Lá, percebendo o potencial do menino, o coach lhe ofereceu dois meses de teste para ver se gostaria de ser atleta.
Já no ano passado, em 2017, com menos de um ano de CrossFit, Cilas participou do TCB e conquistou o 5o lugar na categoria teens. Um grande feito e um grande resultado para este atleta que até então não tinha nada em vista para seu futuro. Foi ano passado também, que seu irmão, a pessoa que o havia levado para o esporte, foi assassinado. Do mesmo jeito que Cilas perdeu a sua mãe para o tráfico de drogas, ele perdeu seu irmão. Os dois mortos por terem se envolvidos com drogas…os dois assassinados. Mas Cilas não desistiu de sua vida, nem de seu futuro.
Cilas seguiu em frente no CrossFit. Na Mutação CrossFit, onde chama todos de família. Onde credita aos alunos e aos coaches de lá a possibilidade de seguir sonhando: “Tem um nome em especial ( Gabriel Prata). Ele é um parceiro de treino, amigo, pai e muitas outras coisas… ele está sempre do meu lado quando preciso para me dar dicas, xingar, elogiar e consertar. Admiro muito ele.” – diz Cilas Oliveira.
Não deve ser fácil ser Cilas Oliveira com tudo que ele passou. Não sei que superpoder ele tem, mas com certeza é melhor que muitos que os heróis de filmes ou quadrinhos revelam. O que ele já passou, poucos de nós poderíamos imaginar em passar….ileso pelo menos. Um herói improvável que venceu onde poucos sobreviveriam. E quanto ao CrossFit? Qual o papel que esse esporte que nos enctanta tanto tem em seua vida?
“ [O CrossFit é] Tudo! Sem o CrossFit não sei como seria a minha vida, não sei se estaria aqui, não sei se seria como sou hoje. Agradeço sempre a todos que estão comigo. Às vezes é difícil de falar ou expressar tudo… mas sou grato por tudo. Antes do CrossFit e de ter esses meus amigos, eu passei fome, não tinha boa moradia e nem auxílio nenhum. Mas graças à Deus isso mudou. Graças à Mutação e ao CrossFit.”
Nós aqui do HugoCross também deixamos nosso agradecimento à tia de Cilas, Maria Vildete, por todo sacrifício que fez por ele. Deixamos nosso agradecimento ao seu falecido irmão, que lhe apresentou o esporte. Deixamos nosso agradecimento à Lucynara que levou ao CrossFit. E o nosso agradecimento ao José Marcos (coach da Mutação CrossFit), aos alunos da Mutação CrossFit (em especial ao Gabriel Prata) e aos poucos patrocinadores que mantém o sonho de Cilas Oliveiro por um futuro vivo.
Conhecemos essa história pois o médico que nos atende, o Dr. Fábio Crialezi, atende também o Cilas, de graça. É uma história que também me foi passada em parte pela Anita Pravatti e a família Roo, da CrossFit Pravatti. Quanto Cilas não perdemos por ai? Quantos atletas em potenciais desperdiçamos?
Parabéns Cilas. Quem um dia a exceção como você vire a regra.