Coronavírus e como os boxes podem se preparar melhor

Possivelmente não seja uma questão de se, mas de quando. E o quando parece estar bem próximo. Quando vai estourar de vez o número de casos de Coronavírus no Brasil? Estima-se que o crescimento de COVID-19 poderá crescer de forma geométrica nas próximas semanas. No dia 11/03/2020 a OMS decretou que estamos sim vivendo uma pandemia de coronavírus, e que as estratégias até agora usadas não foram suficientes para conter o avanço da doença.

Mas a verdade é que ainda não estamos vivendo a mesma situação epidemiológica de países europeus, norte-americanos e asiáticos. O novo coronavírus, chamado de 2019-nCoV ou SARS-CoV2, é um vírus respiratório, com transmissão bastante facilitada através de forma muito semelhante que os demais vírus que acometem as vias aéreas: gotículas e secreções expelidas por uma pessoa infectada. Não é um vírus que se transmite com o suor.

Em alguns países da Europa e EUA, boxes de CrossFit estão fechando e eventos sancionados estão sendo adiados ou tendo formato modificado.

Devemos nos desesperar?

Não. E nem podemos. Analisando particularmente o público afetado com formas mais graves da doença e que, consequentemente, tem maior mortalidade pelo vírus, pessoas com mais de 60 anos ou com doenças crônicas, podemos ver que não é esse a maior parte do público que faz CrossFit. Para a grande maioria jovem e sem doenças crônicas, o COVID-19 não passará de uma gripe/resfriado comum. Contudo, todos nós temos família e vivemos em sociedade com pessoas mais velhas. Portanto, é importante sim tomar os devidos cuidados para não transmitir a doença aos que tem maior probabilidade de morte. Até por que, com o avanço da epidemia, tudo pode mudar muito rapidamente.

Eu conversei com o infectologista (e crossfiteiro) Dr. Eduardo Ditzel de Curitiba, CRM 22822PR, sobre esse temido vírus e os cuidados que devemos tomar tanto de forma geral, em qualquer situação, como em boxes de CrossFit. O objetivo é trazer para a comunidade os principais cuidados e o que podemos fazer para minimizar os efeitos. Até porque, uma pessoa infectada, pelo que se sabe, transmite o vírus mesmo estando assintomática.

Medidas Gerais

  1. Lave bem as mãos. As mãos são o principal vetor de transmissão da doença.
  2. Evite cumprimentar as pessoas com beijos, abraços e apertos de mão. Nessas horas é melhor a distância.
  3. Use o álcool gel 70% caso não possa lavar as mãos.
  4. Evite levar as mãos ao nariz, boca e olhos. Se precisar lave as mãos antes.
  5. Use um lenço descartável para limpar o nariz caso sofra com coriza. Ao tossir ou espirrar, cubra nariz e boca com a dobra do cotovelo, pois essa região não tem muito contato com as coisas e você evita transmissão.
  6. Evite ficar próximas de pessoas que apresentam sintomas respiratórios. Se você for essa pessoa, evite contatos com outras.
  7. Evite compartilhar copos, talheres, garrafas, toalhas e afins.
  8. Todos os objetos tocados frequentemente devem ser higienizados (celular e já entraremos nos equipamentos).
  9. Evite multidões e aglomerações de pessoas.
  10. Procure estar sempre em um ambiente ventilado
  11. Ao sinal de qualquer sintoma respiratório, entre em contato como médico.

Essas recomendações, apesar de estarem sendo divulgadas a todo instante pela imprensa e mídia e serem de conhecimento do público geral, nem sempre são obedecidas. Um grande exemplo é o cumprimento do brasileiro. O povo crossfiteiro então, que vive em comunidade, que trata o box como sua casa, sempre cumprimenta e abraça todo mundo. Agora é hora de parar.

E as recomendações específicas para o CrossFit?

O Dr. Eduardo Ditzel também fez recomendações específicas para os boxes de CrossFit. Seriam elas:

  1. Orientem seus alunos a lavarem a mão sempre que chegam ao box, antes do treino e após o treino
  2. Montem os treinos de forma a minimizar o compartilhamento de materiais na mesma turma
  3. Orientem seus alunos a passar álcool 70% em todo o equipamento antes e ao final do uso do mesmo
  4. Disponibilizem mais álcool em gel para os alunos passarem com certa frequência nas mãos
  5. Cuidem para que no banheiro do box sempre tenha sabão, água e papel disponível para a correta lavagem das mãos
  6. Orientem seus alunos que caso eles apresentem sintomas respiratórios e contato com casos confirmados/suspeitos ou viagens ao exterior, fiquem em casa
  7. Os alunos devem evitar o uso de magnésio. Apesar do ambiente seco não favorecer os vírus, não sabemos ainda se o uso do magnésio que “deixa sua marca” no chão e equipamentos” pode facilitar a transmissão do vírus.

Ao ser indagado se ele fecharia o seu box, caso fosse o dono de um, a sua resposta foi não. Não no momento. Não às 13 horas do dia 13 de Março de 2020. Mas que ele se manteria atento sobre as recomendações e o aumento progressivo de casos antes de tomar qualquer decisão.

Há uma histeria coletiva e um medo desmesurado?

Dr. Eduardo acredita que sim. Mas acha também que o assunto deve ser encarado da forma mais séria possível. E nessas horas é importantíssimo não propagar as famosas fake News. Sempre cheque nos sites oficiais sobre esse assunto:
saúde.pr.gov.br
infectologia.org.br
who.int

Exemplos de ações que boxes nos EUA estão fazendo para combater o COVID-19

O box onde o Ricardo treina em Atlanta-EUA retirou todos os baldes de magnésio e instruiu todos os coaches a cobrarem mais os alunos para que ao término do treino todos os equipamentos sejam limpos com lenço desinfetante ou álcool em gel que o próprio box deixa disponível.

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