É chato ver Tia-Clair Tommey e Mat Fraser dominarem tanto os CrossFit Games?

Durante esse final de semana, vi muitos comentários nesse sentido. Que os CrossFit Games estariam ficando chato por causa da dominação tanto no masculino quanto no feminino por Mathew Fraser e Tia-Clair Toomey. E esse tipo de pensamento não é exclusivo do Cross. Muitos pensam o mesmo ao ver Lewis Hamilton na Fórmula 1, por exemplo.

Eu entendo o sentimento de muitos que pensam assim. Todos querem a emoção da competição. A torcia e a disputa até o final. A sensação da torcida pelo seu atleta favorito que não necessariamente seria um dos dois. E realmente desde que eles se firmaram no topo, isso não tem acontecido.

Contudo o que proponho aqui é que vejamos essa dominância com outros olhos. Quantas pessoas do esporte são lendas hoje em dia pelo que fizeram por ele? Quantos de nós podemos dizer que vimos Pelé jogar ao vivo? Ou Muhammad Ali lutar? Michael Jordan jogar?

Estamos vendo aqueles que podem ser os maiores nome da história do CrossFit ao vivo. Nomes que serão lembrados por muitos e muitos anos pela frente. E vemos isso pelos números que possuem:

Mathew Fraser

  • Primeiro Games em 2014.
  • Segundo lugar em 2014 e 2015
  • Campeão em 2016, 2017, 2018, 2019, 2020
  • Único pentacampeão da história
  • Único a conseguir 6 vitórias seguidas em eventos nos Games
  • Maior vencedor de eventos nos Games: 29
  • Maior número de vitórias em eventos em um único Games (2020): 14 – incluindo a fase online
  • Diferença de pontos esse ano para o segundo lugar: 545

Tia-Clair Toomey

  • Primeiro Games em 2015
  • Segundo lugar em 2015 e 2016
  • Primeiro lugar em 2017, 2018, 2019, 2020
  • Única tetra-campeã da história
  • Única atleta a conseguir 6 vitórias seguidas em eventos nos Games
  • Maior vencedora de eventos nos Games: 24
  • Maior número de vitórias em eventos em um único Games (2020) – 13 – incluindo a fase online
  • Diferença de pontos esse ano para a segunda colocada: 360

Pode-se argumentar que esses números são inflados por causa do Games esse ano que a fase final tinha apenas 5 atletas. Mas eram as melhores 5 atletas da fase online, ao mesmo tempo. Pode-se argumentar muita coisa sobre esses números. Mas os dois passaram por 3 estilos diferentes de Games e saíram vitoriosos.

E por mais que não haja disputa pelo primeiro lugar: quem não se maravilhou ao ver o Fraser acelerar na bike, passar Kwant e não perder o evento? Ou no sprint final ver ele pisar um pouco antes? Ver a criação do touch and go na slam ball para ir mais rápido? Vê-lo mostrar o dedo para o Dave e ainda assim dar a segunda volta e ganhar? Ou a Tia colocar o KB perto da barra para não perder tempo e passar a Katrin no último instante? Ver a Tia nadar naquela piscina? Ver os dois falhar na última rep da primeira prova, não se abalar e finalizar em primeiro?

Os dois tem não apenas um talento nato e uma capacidade incrível de treinamento, uma disciplina espetacular para mantê-los sempre no topo. Eles têm uma vontade, um desejo, uma genialidade que é fora do normal.

O próprio Eric Roza, dono e CEO da CrossFit Inc., falou o seguinte sobre eles: “A coisa mais incrível sobre os Games deste ano – e desta era do CrossFit – é assistir os maiores atletas masculinos e femininos em nosso esporte em seu pico e competindo uns com os outros em todos os eventos. Algum dia, uma geração futura de fãs de CrossFit vão relembrar do domínio de Mar Fraser e Tia-Clair Toomey como o período em que o CrossFit emergiu como um esporte global, se escorando no ombro de duas lendas que não estavam apenas competindo pelo título a cada ano, mas pelo seu lugar na história”.

E é exatamente isso. E que sortudos nós somos de poder assistir história sendo feita ao vivo. Claro, pode surgir outros atletas desse nível no futuro.

Havia uma época que se pensava que não. Tanto que quando Froning ganhou o 4º título, veio o documentário o “The Fittest Man in History”  – o homem mais condicionado da história. Achava-se que ia demorar até surgir outro como ele. Não foi o que aconteceu. Fraser veio em seguida. Hoje em dia, por mais que atletas novos cheguem e mostrem muita garra e vontade, difícil dizer que no momento algum deles seriam capazes de quebrar os recordes como esses dois atletas ainda estão fazendo e irão fazer.

Ainda mais agora, treinando juntos. O tempo todo. Um empurrando o outro para ser ainda melhor…e que bonito foi ver os dois fazendo o último workout juntos não? Froning não teve isso e escolheu sua vida de pai. Talvez os dois parem um dia para dar foco à sua família. Talvez surja alguém que os tire do topo. Até lá….ao invés de reclamar que está chato, por que não nos regozijamos com um desempenho espetacular daqueles que são sim os GOATS (greatest of all times – maiores de todos os tempos) do nosso esporte?

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